Igor Lugris, é por próprio direito e escolha cidadão da república das nossas letras, como tal não precisa qualquer apresentação, chega apenas com dizer que nasceu em Melide em 1971, que morou na Crunha e Compostela, que é licenciado em Filologia hispánica pela USC, poeta, crítico, criador, ativista e artista polifacético…
A começos de 2016 publicou na Através Editora, Curso de Linguística Geral, poemário que apresentará este mês em várias cidades galegas.
O dia 4 em Ferrol na Fundaçom Artábria, o 10 em Ourense, e 16 na Crunha.
O PGL compraz-se em apresentar esta longa entrevista com o também sócio da AGAL.
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Comecemos, pelo princípio… o que nos contas de ti?
Chamo-me Igor Lugris. Nasci quando era indiscutível que o franquismo estava vivo e Franco ainda meio vivo ou só meio morto, e os seus herdeiros, legítimos e bastardos, andavam a fazer contas para ver quanto levariam cada um na herança e como poderiam fazer para influir no testamento.
Depois de diversos trabalhos, que me levaram de jardineiro até camareiro, de auxiliar administrativo até peão do metal, de chofer até teleoperador, passando por outras muitas atividades, atualmente exerço de professor de Língua Galega e Literatura num centro privado de Lugo.
Escreves muito e desde muito novo, não és precisamente um recém chegado à república das letras, quais foram as tuas escolas e aprendizagens?
Participo de bem novo em diversas iniciativas culturais, políticas e sociais. No liceu onde estudei em Compostela, o Arcebispo Gelmires-I, com um grupo de estudantes publicamos durante um ano e pico a revista The Put Nightna que tem cabida relatos, poesia, banda desenhada, artigos sobre diversos temas. Nos mesmos anos, participamos nas eleições ao “Conselho Escolar” com uma candidatura chamada “CRAX-I” (Comité Revolucionário Arcebispo Xelmirez (sic) –I). Assisto também a um obradoiro de literatura que coordenava Paco Souto.
Já na universidade (Faculdade de Filologia, ainda na Praça de Maçarelos), entro a fazer parte do Conselho de Redação da revista “Ólisbos, os amantes da palavra” na que estarei durante seis anos, mais ou menos. Publico alguns textos a partir do número 6. Ólisbos foi uma escola estupenda, onde aprendi muito (encarregávamos da edição, distribuição, vendas, promoção, contatos com escritores, organização de atos,…) e conheci a um grande número de pessoas que influíram duma ou outra forma sobre mim. Possibilitou também contatar com outras publicações, com coletivos diversos, com grupos de escritores, etc, tecendo relações importantes, algumas das quais ainda hoje pervivem.
Na altura escrevo e vou publicando alguns textos em diversas revistas e publicações variadas, ao tempo que as minhas inquietudes me dirigem cara organizações estudantis (CAF, Colectivo de Estudantes Anti-militaristas –ainda existia o Serviço Militar Obrigatório, e o movimento da insubmissão estava em crescimento-), mas também a outras organizações fora do âmbito universitário (como a Associação Galega de Solidariedade com Cuba Francisco Vilhamil) e organizaçoes políticas e sindicais.
Com a carreira rematada, participo na fundação de Letras de Cal, um coletivo editorial de escritores e poetas jovens, que decidimos construir as nossas próprias ferramentas e veículos de comunicação e publicação, chegando a editar entre 1997 e 2002 um total de 14 livros de poesia; demonstramos na prática não só que havia uma nova produção poética que precisava ser publicada e público interessado, mas que nós mesmos (os e as chamadas “poetas dos 90”) éramos capazes de caminhar com os nossos próprios pés e trabalhar com as nossas próprias mãos, sem ter que aguardar por nada nem por ninguém. Junto com Ólisbos, Letras de Cal foi uma outra escola, que me permitiu não só publicar o meu primeiro livro, mas conhecer muito mais de perto o mundo editorial e literário. Os dous primeiros livros publicados foram A primeira visión, o primeiro livro de María Lado, e Propiamente son captivo, de Celso Fernández Sanmartín; depois viriam textos de Kiko Neves, Paco Souto, 1998, Carlos Negro, Celeste Craveiro, Séchu Sende, Olga Novo, Xosé de Cea, Verónica Martínez Delgado, Suso Bahamonde, uma antologia de poesia de autores/as dos 90 (d´Efecto 2000), e uma antologia bilíngue de poesia basca dos 90 (A ponte das palabras. Poesía vasca 1990-2000-Hitzezko Zubia. Euskal poesia 1990-2000).
Falemos da tua trajetória, ou como tu dizes de Livros e de Norma…
Na escola, na Corunha, naquela estrutura ainda chamada EGB, vivi a introdução da Língua Galega como matéria, com professoras que deviam ter muita vontades mas poucos recursos. Em sexto, com 12 anos, já tina um livro de texto de “galego”. Mágoa não ter guardado aqueles livros, para poder revisá-los hoje: não saberia dizer que posturas tinham ao respeito da norma.
Já no liceu, e em Compostela, teve sempre professorado que se movia dentro do reintegracionismo, entre os máximos e os mínimos, enquanto eu defendia uma norma ILG que, por diversos motivos, me parecia mais próxima. Nos quatro cursos de liceu fui passando duma postura anti-reintegrata (foi então quando ouvi falar por primeira vez da AGAL) até uma assunção –com não poucas dúvidas e rebeldias- daquilo que na altura se chamava de “Mínimos reintregacionistas”.
Com a chegada à faculdade, e também ligado a diversas militâncias e compromissos políticos e culturais, transitando dos “Mínimos baixos” aos “Minimos altos”, acabei por apostar pelos “Máximos reintegracionistas” que defendia a AGAL. Antes disso, publiquei, com Letras de Cal, o meu primeiro livro individual de poesia, “Quen nos defende a nós dos idiotas?”, que pode ser consultado na rede de balde no sítio de www.poesiagalega.org
Quatro anos depois daquele livro, e com um bom volume de recitais e volumes coletivos nas costas, publiquei o segundo livro, “Mongólia. Umha entidades estatal rugosoide[1]” (com o desenho de capa de Baldo Ramos), escrito já em norma AGAL, e que também pode ser consultado na rede (ao igual que outras obras) na página da Associação Galega de [email protected].
E ainda cinco anos depois, e também em norma AGAL, publiquei, ou se calhar seria melhor dizer, reproduzi o terceiro livro individual: “O livro das confusons[3]”, que também está na rede, e que foi distribuído de balde entre familiares, amizades e diversas pessoas que o solicitaram, numa demonstração da “possibilidade de construir cultura sem contar com intermediários (…) Deixando fora desta relaçom o supostamente imprescindível intercámbio monetário, sem traducir a termos de valor económico o valor estético e práctico que poda ter essa colecçom de poemas agrupados” num livro, tal e como recolhia no meu –na altura ativo- blogue.
[1] Lugris, Igor (2001). Mongólia. Uma entidade estatal rugosoide”, Compostela, Artefacto Editorial.
[3] Lugris, Igor (2006). O livro das confusons, Ponferrada (O Bierzo), Ediçons Infinitas.
Além destes três livros publicados, há alguns outros títulos que nunca apareceram em papel, assim como poemas que foram aparecendo em diversos livros coletivos, revistas, etc. Mas quase todos eles podem ser consultados na rede, navegando ou mergulhando entre diversas páginas.
E 19 anos depois do primeiro livro, dez anos depois do último, tive a oportunidade de publicar um novo livro, com Através Editora: o “Curso de Linguística Geral[1]”, escrito num processo de evolução da norma AGAL ao Acordo Ortográfico, aonde aporto depois de, novamente, não poucas dúvidas e rebeldias. Porque estou convencido de que a(s) norma(s) é (são) ferramenta(s) ao serviço da língua; não são fins, mas meios; não são estratégia, mas tática. Porque finalmente, todas e todos falamos a mesma língua, e as normas (também as lingüísticas) estão para ser transgredidas, ou quando menos transformadas, quando assim seja necessário.
[1] Igor Lugris (2016) Curso de Linguística Geral. Compostela, Através Editora.
normas (também as lingüísticas) estão para ser transgredidas, ou quando menos transformadas, quando assim seja necessário.
Poeta, crítico, ativista, artista polifacético?… Como se define uma pessoa que faz salada com Ovnis e Isoglossas?
Durante vários anos, entre Janeiro de 2005 e Novembro de 2011, mantive ativo o blogue “Ovnis e Isoglossas”, primeiro em blogspot[1], e depois, a partir de Junho de 2005, nos espaços dos blogues do Portal Galego da Língua[2].
Naquele blogue apareciam textos, ideias e propostas diversas e sobre os mais variados temas e interesses. A partir dele, por exemplo, é que lancei a proposta do Cadáver Esquisito “Há uma certa luz incompreensível na distância (Um cadáver na rede)”, que conseguira a participação de várias dúzias de pessoas, e que acabou por servir para uma exposição na galeria de arte “Dosmilvacas” de Ponferrada; ou o projeto “Poesia para ver. Poesia para ler”, que também deu lugar a uma exposição que percorreu várias cidades da Galiza, e que tem ainda o seu próprio lugar na Flickr.
Esta exposição andivo por Ponferrada, Compostela (na Gentalha do Pichel), Ponteareias (no Festival da Poesia do Condado), Ferrol (na Galeria Sargadelos, partilhando espaço com outra aposta polo visual do também poeta Eduardo Estévez), etc…
O blogue já não está ativo, mas sim continua estando na rede para quem queira visitá-lo e dele guardo muito boas lembranças: entre outras coisas, porque me permitiu manter o contato com muitas pessoas quando vim viver para O Bierzo, e porque foi a ferramenta com a que continuei a publicar durante esses anos, conseguindo ademais receber retroalimentação, feedback (ainda que na altura eu nem sabia que existia esse palavro), de quem me lia e se mantinha interessado pelo que eu fazia ou dizia.
Para as pessoas que escrevem com alguma vontade de intervir na realidade e que escrevem na Galiza, nomeadamente de fazerem desde o reintegracionismo ou em português, que supõem as redes sociais?
Por diversos motivos, e igual que lhe passou a [email protected][email protected], acabei por não ser capaz de manter o blogue com certa regularidade, e, justo nessa altura, o Facebook fiz a sua aparição: primeiro no computador, e, tempo depois, no telemóvel, substituindo aos poucos o blogue como ferramenta de comunicação e publicação.
Nos últimos anos tenho ido publicando via facebook não só opiniões, desabafos ou ideias pessoais, mas também textos com mais ou menos pretensões literárias, até o fato de que praticamente todos os poemas que fazem parte do “Curso de Linguística Geral” foram publicados previamente no meu muro no decorrer do último ano e pico. Portanto, e ainda que este livro não possa ser consultado conjuntamente na rede, o certo é que si está praticamente íntegro publicado já nas redes sociais (pois também em Twitter há alguns textos publicados).
Quero destacar que o último poema do livro, que leva por título “Regueifa semiótica ou metáfora de nós”, é um poema escrito a seis mãos, a partir dos comentários que sobre um determinado poema foram fazendo no meu muro os amigos Ernesto Vazquez Souza e Uxio Outeiro, e que no livro publico, com a sua licença, integramente.
Por ajustarmo-nos ao conteúdo do “Curso”, quem são @s [email protected] e @s [email protected] nas redes?
A atividade no facebook, e toda a intensidade e virtualidade que se move ao seu redor, na qual é muitas vezes difícil –se não direitamente impossível- separar a trapalhada do útil, tem-me levado a refletir muito sobre os conceitos de “emissor” e “receptor”. Esta é uma das ideias sobre as que gravitam muitos dos poemas do “Curso…”
O facebook permite-nos pôr em dúvida a existência de ambos conceitos como realidades contrapostas: já não só porque [email protected] se podem convertir em [email protected][email protected] simplesmente com premer um botão (botão virtual que, além do mais, nos faz duvidar da sua própria existência), mas também porque @ emissor@ se converte em receptor@ da sua própria mensagem quando recebe esta partilhada ou retwuitteada [email protected] suas/seus contatos. Facebook é uma dessas máquinas que se movem eternamente e por rotina: uma vez postas em marcha, já não tem fim o seu movimento.
Mas, ao mesmo tempo, podemos duvidar até da mensagem emitida. Não estamos ainda [email protected] a trabalhar com uma ferramenta que se caracteriza pela sua rapidez, futilidade, omnipresência e importância. Não somos mais que pequenas cobaias neste experimento mundial das redes sociais, e nas que pensamos que ainda somos capazes de gerir, guiar ou ordenar as nossas mensagens, quando o certo é que desconhecemos por quem, como, quando, onde e porquê são recebidas. Isto provoca que não podamos controlar os contextos e as circunstâncias em que são recebidas, e as mais das vezes não controlamos nem os motivos. A mensagem supera e mesmo transforma ao emissor, à emissora.
Isto, penso que é válido para todo tipo de discursos que se deitam nas redes: tanto aquelas mais banais e presumivelmente intranscendentes, como as pretensamente literárias ou filosóficas, ou mesmo as políticas. O “debate” (por chamar-lhe dalgum modo) existente à volta da situação política na Galiza, por exemplo, é uma mostra disto: duvido se realmente há emissor, receptor ou mensagem. O que não temos dúvida é que existe canal e código, e o contexto fica fora de todo controlo por parte dos participantes no debate.
Toda a tua obra tem um sentido de intervenção mas também é marcadamente metaliterária. É um conjunto que se retro-alimenta: és um poeta crítico e um crítico poético… que valor tem para ti a poesia?
Neste sentido, sigo considerando válida a resposta que em 2001 dava à pergunta que me formulava um jornalista com motivo da apresentação de “Mongólia”:
Para que vale hoje a poesia? Vale, como o resto das artes, para interpretar o mundo. Para a sua transformação há outras possibilidades. A literatura deve valer para explicar as coisas que, num mundo capitalista, não são o que parecem, e parecem ser o que não são.
Disso é do que continuo a falar. Intentando explicar, intentando compreender, o mundo: este mundo no que vivemos, e que, estou convencido, deve ser transformado.
O Curso de Linguística Geral. Que sentido tem o livro, como foi a recepção, da gente, da crítica?
O livro saiu publicado em Fevereiro deste ano, e o acaso fez que coincidira com o 100 aniversário da publicação do Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure, que como todo o mundo sabe é um livro que ele não escreveu, mas que foi escrito polos seus alunos e publicado com o seu nome a partir dos apontamentos das suas aulas.
Estou satisfeito da acolhida que tivo o livro e da sua repercussão. Surprendem-me possitivamente algumas das críticas ou comentários recebeidos polas pessoas que o foram lendo durante todo este tempo, e ainda há um par de semanas num curso sobre a literatura galega do século XXI foi citado por uma das ponentes indicando que o empregaria nas suas aulas de secundaria para introduzir alguns temas de linguística, concretamente o achegamento à fonologia.
Durante o mes de Novembro, estão previstos diversos atos de lançamento e promoção do livro por diversas pontos do país (Trasancos, A Corunha, Ourense,…) que se sumarão aos já realizados (em Compostela, Lugo, Ponferrada,…)
Que visão tinhas da AGAL, que te motivou a te associares agora e que esperas da associação?
Levo muitos anos conhecendo a AGAL: muitas pessoas conhecidas e amizades próximas têm feito e fazem parte dela ativamente, mas eu nunca dera o passo de associar-me, porque os meus interesses e ocupações iam por outros caminhos. A verdade é que o meu interesse pela língua não é acadêmico nem científico, e sempre teve a sensação de que a AGAL era, especialmente, uma organização de pessoas “expertas” na língua. Mas nos últimos anos essa visão tem mudado, tanto porque eu fui mudando como porque a AGAL, acho, também foi mudando, convertendo-se numa associação mais ativa socialmente, com intervenções não só “acadêmicas”, mas de intervenção social. Nesse lugar é que eu acho que me resulta interessante a sua atividade. Associo-me porque estou convencido de que é uma ferramenta útil e imprescindível para continuarmos a socializar o reintegracionismo como estratégia para a plena normalização linguística da nossa língua na Galiza.
Que podes tu achegar a AGAL?
Aguardo poder achegar algum trabalho, certa vontade e o meu convencimento de que estamos numa maratona, numa carreira de resistência, onde estamos ganhando precisamente porque temos resistido durante todos estes anos. Uns anos que, desgraçadamente, vieram dar-nos a razão: trinta anos de hegemonia isolacionista só foram úteis para normalizar o espanhol lá onde não estava normalizado e para a-normalizar o galego lá onde estava normalizado. Os dados sociolingüísticos que cada tanto são publicados, não fazem mais que demonstrar isto. Mas é que no dia a dia podemos ver que isso é realmente assim: o espanhol está hoje normalizado em lugares e situações onde há uma década ou duas não estava. Um exemplo: o fácil que é que hoje entremos em qualquer loja e a pessoa que nos atenda, apesar de nós falar em galego, nos responda em espanhol, e mantenhamos assim uma conversa. Ou a grande quantidade, cada vez maior, de responsáveis políticos de diversas instituições e de diversas cores políticas que empregam o espanhol com total normalidade na sua vida pública de maneira praticamente exclusiva. Esse é um exemplo de que o galego tem retrocedido mesmo em aqueles espaços e lugares rituais e/ou litúrgicos.
É hora de dar-lhe a volta a todo isto. O reintregracionismo está a ganhar, estou convencido, a hegemonia, e temos como obriga recuperar para a nossa língua todos os espaços perdidos (em todos os âmbitos e níveis) nos últimos anos. Estamos ganhando a maratona, mas ainda temos que seguir correndo: não rematou a competição. Para chegar à vitória é necessário seguir existindo, seguir sendo um referente significativo e vivo. Seguir correndo. E a meta do reintegracionismo, tenho para mim, por se alguém tem dúvidas, não é vencer ao isolacionismo, mas convencê-lo de que a única estratégia útil para evitar a desaparição da língua galega na Galiza passa por assumir a unidade lingüística galego-portuguesa.
Uma das coisas mais urgentes que deveríamos de poder solucionar, porque nestes momentos estamos em disposição de consegui-lo, é, por exemplo, solucionar o problema da participação em certames literários de todo o tipo [email protected][email protected] reintegracionistas. É incompreensível, mesmo para muitas pessoas não reintegracionistas, que se continue a manter a proibição de participar em diversos concursos a [email protected] que apostamos por uma norma reintegrada para a nossa língua. Isso não tem mais nome que censura, perseguição e silenciamento. Mas, por sorte, as cousas estão a ser mudadas, lentamente, é certo, mas mudadas. São ainda poucos, mas cada vez mais, as entidades que refletem sobre este absurdo, e eliminam das bases dos seus certames essa imposição da exigir obras escritas “en galego según a normativa vixente”. Do meu ponto de vista, devemos parabenizar a quem o vai fazendo, e seguir na procura de apoios, aliados e amizades para que outras o façam. Isto mesmo, penso eu, pode ser dito com relação às editorais: não pode ser mais que por prejuízos absurdos e rancores inconfessáveis, ou interesses espúrios, que a maior parte das editoras da Galiza continuem a negar-se a publicar obras de [email protected] reintegracionistas. Mas, como antes disse, estou convencido de que o amplo, plural e variado movimento reintegracionista está a ganhar esta carreira, esta maratona, e isto também vai ir mudando num período mais ou menos curto de tempo.
Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2030?
Gostaria duma Galiza onde os nossos filhos, as nossas filhas façam parte de organizações como AGAL, mas não já para exigir os seus direitos, que já estarão consolidados, mas para continuar a socializar a necessidade duma língua galega completa, absoluta e totalmente normalizada.
Gostaria duma Galiza com uma língua viva, isto é: uma língua com capacidade para recriar-se, reinventar-se, evoluir e adaptar-se a todas as necessidades da vida diária: uma língua na que se podam continuar a escrever grandes obras literárias, mas também, por exemplo, uma língua com a que as pessoas podam seduzir, flertar, engatar, com a seguridade de estar usando corretamente a sua língua.
Um sítio web: dois, www.priberam.pt e o www.estraviz.org
Um invento: a imprensa de Gutenberg
Uma música: o Jazz
Um livro:Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, mas também o “Curso de Linguística Geral” de Ferdinand de Saussure.
Um fato histórico: A revolução bolchevique de 1917.
Um prato na mesa: o polvo à feira
Um desporto: a caminhada
Um filme: As Pontes de Madison
Uma maravilha: a língua
Além de galego/a: leitor