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Diário Liberdade
Terça, 13 Dezembro 2016 13:33 Última modificação em Quinta, 15 Dezembro 2016 21:12

Obama acabou. Não numa explosão, mas numa lamúria

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País: Estados Unidos / Direitos nacionais e imperialismo, Batalha de ideias / Fonte: Sputnik News
[Pepe Escobar; Tradução do Coletivo Vila Vudu] Assim está terminando o governo Obama: não numa explosão, mas numa patética lamúria.

A campanha da Rainha Hillary da Guerra ("Viemos, vimos, ele morreu") Clinton – intensamente apoiada pelo presidente Obama – consumiu estonteantes $1,2 bilhão e naufragou vergonhosamente na eleição presidencial nos EUA.

Então, Obama tomou uma atitude e decidiu que o "prêmio" de consolação seria ele ordenar à "comunidade de inteligência" – essa contradição em termos – que promovesse "completa atualização" do modo como os russos maléficos obraram para entregar o Grande Prêmio a Donald Trump.

A Rainha da Guerra como se sabe passou toda a campanha a repetir que "17 agências de inteligência dos EUA confirmaram" que os russos hackearam os e-mails de Podesta, e depois se puseram a publicá-los com conta-gotas – à moda da conhecida técnica de tortura chinesa – um por dia, como se o vazamento saísse de WikiLeaks, revelando a intimidade das operações dentro do Comitê Nacional Democrata.

Verdade é que nunca existiu esse veredicto fatal das tais 17 agências. Só houve um comentário espertalhão-oportunista de um diretor da Inteligência Nacional, que logo depois caiu em desgraça, James Clapper, que jamais ofereceu qualquer prova do que dizia.

Agora, o The Washington Post – que antigamente, era uma vez, foi jornal decente e hoje pertence a Jeff Bezos da Amazon, verdadeiro antro de neoconservadores – pôs-se a repetir todos os dias, sem parar nunca, um amontoado gigante de matérias sensacionalistas, segundo as quais Langley [a CIA] teria provas de que os russos, sim, manobraram para pôr na Casa Branca seu candidato Trumpeano, da Manchúria. E isso imediatamente depois que a mesma gangue do mesmo jornaleco ter-se feito de Comissão McCarthy e distribuído longa lista de websites e agências de notícias – Sputnik incluída – que o WaPo declarava agentes de propaganda anti-norte-americana e 5ª-colunistas (distribuidores de "fake news" [notícias falsas]).

Em atitude que consome qualquer credibilidade que ainda restasse ao Post – degradada quase diariamente pela fúria neoconservadora belicista de suas páginas editoriais – o jornal até hoje não se retratou daquela 'matéria' ginasiana, ridícula.

A intersecção desse neo-McCarthyismo com a CIA nas páginas do Post não poderia ser mais previsível; afinal, a Amazon de Bezos é a principal fornecedora de serviços para a CIA, o que faz do Post um agente chave a serviço do estado profundo nos EUA. Assim sendo, bem-vindos àquele suposto jornal, operante em Washington, que só fará vomitar listas e mais listas de jornalistas norte-americanos e estrangeiros que o estado perseguirá, nos EUA.

Aqueles velhos e batidos ataques sob falsa bandeira-falsa

Quanto à grande descoberta de inteligência, pela CIA, resume-se ao velho proverbial "alto funcionário do governo dos EUA" que garante à opinião pública nos EUA que "a visão consensual" da "comunidade de inteligência" é que "indivíduos conectados com o governo russo" forneceram a WikiLeaks os e-mails Podesta. Em outubro passado WikiLeaks já desmontou essa falsa narrativa.

Imaginem então os sabujos farejadores cibernéticos de Langley em briefing "secreto" para os senadores no Capitólio, semana passada, ofegantemente garantindo àquelas figuras que, sim, com certeza, foram os russos. Problema, apenas, que até a matéria patética do Post foi obrigada a reconhecer que o proverbial "alto funcionário do governo dos EUA" disse, sim, que "há algumas discrepâncias, pequenas, na avaliação apresentada pela Agência" – uma vez que não apareceu qualquer prova de que o "Kremlin estivesse 'comandando indivíduos já identificados, na operação de passar a WikiLeaks os e-mails dos Democratas".

Com o que se pode ter certeza de que os 'achados' da CIA não passam de noticiário já desmentido agora requentado – e sem qualquer tipo de prova que lhe dê sustentação –, mais uma furiosa acusação sem fundamento, plantada pela CIA naquele suposto jornal de Washington.

Não surpreende que a equipe de transição de Trump – comandada pelo principal estrategista da Casa Branca, Steve Bannon – tenha furado competentemente o balão estratégico que a CIA tentava inflar: "É a mesma gente que disse que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa". Caso encerrado. Vão brincar com seus brinquedinhos de plástico.

Até criancinhas de jardim de infância sabem que, considerados os registros históricos, o governo dos EUA e a CIA são especializados em mentir em tempo integral. Às vezes as mentiras são cumulativas, às vezes se desmentem umas as outras. Vejam o caso do ataque com gás sarín em Ghouta em agosto de 2013 – que empurrou o governo dos EUA até a beira de um neoprecipício de Choque e Pavor, daquela vez contra a Síria.

Naquele momento, a inteligência dos EUA tinha certeza de que Jabhat al-Nusra – também chamada al-Qaeda na Síria (ou "rebeldes moderados" segundo o "consenso" no 'cérebro do governo, na Avenida Beltway) – era capaz de produzir gás sarín. Pois mesmo assim Obama insistiu que Bashar al-Assad seria autor do ataque, com o que ele teria violado a ridícula autoproclamada linha vermelha de Obama. 'Estratégia' copiada linha a linha do manual dos neoconservadores para destruir o Iraque, Obama usou a inteligência para justificar o que poderia ter sido ato de guerra contra a Síria.

Fato é que o gás sarín foi passado para al-Nusra por ação do notório Bandar Bush – então encarregado pela Casa de Saud de provocar, custasse o que custasse, a mudança de regime em Damasco. Bandar de fato teve influência maior que a da CIA; ele coordenava diretamente a entrega de toneladas de dinheiro e armamento a jihadistas na Síria, e concebia ataques sob falsa bandeira, como o que se viu em Ghouta. E tudo isso depois que Obama em pessoa ordenara, no início de 2012, a instalação da linha de rato da CIA através da fronteira turco-síria, para levar aos seus terroristas "moderados", as armas que saíam da Líbia.

Resumo da ópera é aquele Prêmio Nobel da Paz – com Obama mentindo em todas as frases como neoconservador de segunda classe –, no momento em que estava a um passo de iniciar guerra total contra a Síria, como 'castigo' por um crime do qual não havia prova alguma. E as mentiras só se acumularam, sobretudo depois que os elaborados planos do governo Obama para a Síria começaram a naufragar, até naufragarem completamente, no teatro de combates em Aleppo Leste. Aqui se vê (em árabe) o modo como os "rebeldes moderados" derrotados foram expulsos da cidade – para comprovar, ali sim, que Damasco soube beneficiar-se da informação de inteligência de boa qualidade que recolhia e que dava conta dos profundos desentendimentos entre vários grupos "rebeldes", já engalfinhados em lutas internas.

Tudo isso são fatos reais em campo – não a incansável propaganda/operações 'psicológicas' do governo dos EUA, obcecado com demonizar os russos, e inventando notícias de que Putin teria bombardeado hospitais. O triste, lamuriento governo Obama ainda não acabou. Devem-se esperar mais 'achados' sensacionais da CIA; mais demonização da Rússia; mais armas para terroristas "moderados" e/ou "rebeldes" sírios; devem-se esperar até mais dos velhos, batidos, ataques sob falsa bandeira.

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