É talvez o texto mais forte que a potência socialista enviou aos EUA nas últimas décadas e teve como estopim as declarações do Presidente eleito estadunidense (embora com menos votos, na estranha “democracia” americana) Donald Trump, que no último domingo voltou a tocar no assunto Taiwan, ameaçando romper com o princípio de “uma só China”.
Disse Trump, ao canal Fox “Não entendo por que temos que estar atados a essa política, a menos que consigamos um acordo com a China sobre outros temas, incluindo o comércio”.
Leia abaixo a íntegra do editorial do Global Times, publicado em português pelo site Tijolaço:
Trump superestima a capacidade americana de dominar o mundo
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, no domingo, sugeriu publicamente que a política de Uma China Única pode ser usada como uma moeda de troca para fazer com que Pequim se comprometa com Washington em áreas como acordos comerciais. O empresário calculista pode se sentir esperto tentando empurrar garganta abaixo o destino da China através da questão de Taiwan. No entanto, a verdade é que este inexperiente presidente eleito provavelmente não tem conhecimento do que está falando. Ele superestimou a capacidade dos EUA de dominar o mundo e não consegue entender a limitação dos poderes dos EUA na era atual.
A China tornou-se um país com força substancial entre os países no Oceano Pacífico Oeste. Nunca expandiu sua frente de batalha e, portanto, acumulou poder suficiente para lidar com qualquer desafio estratégico em suas áreas periféricas. Especialmente no Estreito de Taiwan, a China agora está bastante segura para lutar com os EUA.
Uma série de observações ultrajantes de Trump refletem que ele despreza a China estrategicamente. O orgulho aparece antes de uma queda. Mesmo antes de entrar na Casa Branca, ele deu mostras de querer chantagear a China. Após a cartada na política de Uma China Única, a maior parte de sua iniciativa estratégica tem sido usada em excesso.
A China precisa ser respeitada pela equipe de Trump, caso contrário, será difícil interagir com Washington nos próximos quatro anos. Fantasiar sobre uma política de apaziguamento não é uma opção. Uma nova rodada entre os dois países será necessária para testar o respeito que os dois devem ter um com o outro com base em suas forças.
Ao longo de décadas de desenvolvimento, os interesses fundamentais da China pouco foram ampliados, mas sua capacidade de controlar os riscos no Estreito de Taiwan e no Mar da China Meridional tem sido muito ampliada. Temos toda uma série de ferramentas para lutar contra as ameaças econômicas e comerciais de Trump. Será uma batalha decisiva para Pequim para salvaguardar seus interesses fundamentais. Se Trump quer jogar duro, a China não vai correr do jogo.
Pequim deve começar a punir severamente as forças de independência de Taiwan, explorando a possibilidade de disciplinar essas forças por meios não pacíficos e tornar o uso da força militar uma opção real para realizar a reunificação.
Enfrentando Trump, que é sempre imprevisível, a China precisa de mais imaginação em suas políticas externas. Deve se atrever a fazer movimentos-surpresa e criar um novo padrão sobre o relacionamento com os EUA – enquanto você joga o seu jogo, eu jogo o meu.
Pequim nunca vai aceitar chantagem e recolher-se a uma existência ignóbil. A diferença de força entre a China e os EUA é, atualmente, a menor da história. Que razão então temos para aceitar um acordo injusto e humilhante de Trump?