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Diário Liberdade
Quarta, 04 Janeiro 2017 16:16 Última modificação em Sexta, 06 Janeiro 2017 21:59

10 notícias mais desnoticiadas de 2016

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/ Comunicaçom / Fonte: SputnikNews
[Neil Clark; Tradução do Coletivo Vila Vudu] O que George Orwell teria feito de 2016?! Muitas das notícias mais promovidas pela mídia-empresa pró-establishment revelaram-se ou completamente falsas, como o 'noticiário' em dezembro de que estaria acontecendo um 'Holocausto' em Aleppo Leste, sem nem fiapo de prova, ou o 'noticiário' de que a Rússia teria interferido nas eleições nos EUA.

Notícias falsas sobre Aleppo, da grande mídia-empresa

Concebidas para 'desestabilizar a Síria', essas notícias falsas foram promovidas e repetidas e repercutidas mais agressivamente pelos mesmos veículos que se mostravam mais impressionantemente preocupados com as tais 'notícias falsas', e a urgente necessidade de tomar alguma 'providência' contra elas! Ao mesmo tempo, algumas notícias reais, realmente importantes, foram completamente ignoradas ou receberam cobertura pífia.

Na sequência, dez dos acontecimentos mais ativamente desnoticiados em 2016. Deixo ao leitor a tarefa de extrair suas conclusões sobre por que esses eventos não receberam a cobertura que com certeza teriam de receber [e-mail].

Guerra no Iêmen

Com a Síria sempre nas primeiras páginas [ainda que o noticiário fosse praticamente todo ele falso (NTs)], a guerra no Iêmen promovida e patrocinada pelos EUA foi simplesmente apagada do mundo. Atrocidades documentadas cometidas pela coalizão chefiada pelos sauditas foram eloquentemente ignoradas. Deputados britânicos pró Blair, sempre tão dedicadamente contristados pelo inexistente 'Holocausto' em Aleppo em dezembro, nem por isso votaram a favor da moção encaminhada pelos Trabalhistas, que requeria investigação independente, pela ONU, de violações da lei internacional no Iêmen em outubro.

E a brigada 'midiática' do "Algo tem de ser feito e já!" tampouco deu qualquer sinal de interesse. "Desde a rejeição da moção dos Trabalhistas, cruzados do 'Façam alguma coisa!' tipo Aaronovitch, Freedland e Cohen não redigiram uma palavra que fosse, sobre 'nossa' 'responsabilidade de proteger' vidas civis no Iêmen – escreveu Media Lens dia 3/11.

Líbia em ruínas

No início de 2011, a Líbia foi 'A' maior notícia dos grandes noticiários, com 'intervencionistas liberais' a exigir que a OTAN implantasse "zonas aéreas de exclusão" para deter o "Novo Hitler Coronel Gaddafi." O filho de um acadêmico líbio aposentado que falou contra o regime de Muammar Gaddafi diz que teme o pior para o pai e os irmãos, porque estavam "matando o próprio povo" e o massacre em Benghazi tinha "proporções de Srebrenica".

Ok. A OTAN interveio, e a Líbia foi destruída. E adivinhem: os cruzados do "fazer-alguma-coisa" não disseram/escreveram palavra! Silêncio na mídia ocidental. A transformação do país que tinha o mais alto padrão de vida em todo o continente africano, em "estado fracassado" destroçado por terroristas não parece ser tema digno de ser noticiado. Nas palavras de Leslie Nielsen no filme "Corra que a Polícia vem aí", é um caso de "Não há o que ver aqui! Dispersando, por favor, dispersando" [e-mail]

Reconciliação na Síria

Boas notícias vindas da Síria absolutamente não são notícias, não merecem cobertura, ou só valem cobertura pífia – principalmente se mostram autoridades sírias sob luz positiva. Mas fato é que o governo sírio implementou programas de trégua e reconciliação em e em torno de Homs e Damasco e também em outras partes do país [vídeo].

Em julho, o Presidente Assad ofereceu anistia a 'rebeldes' antigoverno que depusessem armas – e repetiu o movimento em outubro.

Muitos rebeldes aceitaram o oferecimento e retomaram a vida civil. O fato de haver em andamento na Síria um processo de reconciliação deveria ser manchete de todos os noticiários em horário nobre em 1916. Pois não foi. Surpresa: porque praticamente sem exceção os grandes veículos da grande mídia-empresa trabalhavam furiosamente para mudar o regime na Síria!

62 pessoas são donas de metade da riqueza do mundo. Releia: 62

Com certeza é notícia que os canais de notícias deveriam ter noticiado com grande destaque: o Relatório da Oxfam apresentado em Davos. O relatório teria de ter disparado debates sobre o quanto é urgente e necessário reestruturar a economia do mundo, para tornar menos desigual a distribuição da riqueza? Mas, não. A Matéria praticamente nem saiu de Davos. Muito conveniente para as supracitadas 62 pessoas.

Absolvição de Slobodan Milosevic

Em 2016, o homem que os neonconservadores e Blair-istas chamavam de "O Carniceiro dos Bálcãs" e cujos "crimes de genocídio" foram usados para promover a doutrina globalista de "intervencionismo liberal ['democrático']" foi declarado "não culpado" e absolvido pela corte que o acusou e julgou.

Como escrevi em agosto: "A conclusão do Tribunal Criminal Internacional para a ex-Iugoslávia, de que um dos homens mais demonizados da era moderna é inocente em todos os crimes mais nefandos de que foi acusado, realmente teria de estar em todas as manchetes em todo mundo. Mas, não. Até o Tribunal Criminal Internacional enterrou a sentença que absolveu Milosevic, num monumental relatório de 2.590 páginas do julgamento do líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic – o qual, esse, sim, foi condenado em março por genocídio (em Srebrenica), crimes de guerra e crimes contra a humanidade."

A absolvição do principal coringa de que se serviram as elites ocidentais no final dos anos 1990s foi manchete na Sérvia, mas as empresas de mídia ocidentais ignoraram-na completamente; e os que, como Andy Wilcoxson, John Pilger e eu, que nos atrevemos a escrever sobre o veredito, fomos alvos dos mais viciosos ataques pessoais, pelos 'zeladores' do establishment.

Como o cachorro de Sherlock Holmes que não latiu na noite do crime, o silêncio dos jornais e TVs, a nenhuma cobertura dessa importante matéria da própria história do século, ano passado, disse tudo que era preciso saber.

Aquecimento Global: mais um ano de calor recorde

2016, segundo a ONU, é "muito provavelmente" o ano de mais altas temperaturas de todos os tempos registrados – o que significa que 16 dos 17 anos de mais altas temperaturas jamais registradas em todos os tempos, já aconteceram no século 21. Em julho, a NASA revelou que cada mês, de janeiro a junho em 2016 foi sempre, respectivamente o mês mais quente, em todo o planeta – desde o início dos registros modernos de temperatura no mundo, que começaram em 1880.

Pois apesar dessas evidências, a mudança climática mereceu apenas 2% do tempo dos debates presidenciais televisionados nos EUA.

"A mudança climática sequer teria sido lembrada, não fosse por uma pergunta, no segundo debate, feita por um homem num suéter vermelho, de nome Ken Bone," observou o Guardian. Certamente havia questões muito mais importantes para os candidatos – e para todos os canais de notícias no ocidente – a serem examinadas em 2016, que a ameaça que pesa sobre o planeta e todos os seres vivos, com o aquecimento global.

Potências ocidentais e aliados no Oriente Médio apoiam os terroristas do Daech

As acusações absolutamente sem qualquer fundamento, de que a Rússia estaria por trás dos hacks ajudou muitíssimo no processo de desviar a atenção para bem longe das mais graves revelações dos chamados Podesta e-mails. E aquele era, muito provavelmente, o tema mais decisivamente digno de ser noticiado.

Dia 14/8/2014, Hillary Clinton escreveu, "Temos de usar nossos quadros diplomáticos e de inteligência mais tradicionais para pressionar os governos de Qatar e Arábia Saudita, que estão provendo ajuda financeira e logística clandestina ao ISIL [Daech] e a outros grupos sunitas radicais na região". Em dezembro, o presidente Erdogan da Turquia disse ter provas de que o ocidente estava apoiando o Daech.

Mas, como o e-mail de Clinton a John Podesta, também esse evento não recebeu a cobertura jornalística que obviamente merecia. Por que será?!

Colapso Econômico na Ucrânia 'democratizada'

Mais armas, menos manteiga: "Miséria crescente na Ucrânia leva a envenenamentos em massa", foi tema de todas as manchetes em 2014, quando manifestantes antigoverno – promovidíssimos por líderes ocidentais – reuniram-se na praça Maidan. Mas o que se passa na Ucrânia desde então não é objeto de atenção dos noticiários de TV. A realidade é que os padrões de vida na Ucrânia desandaram, com mais da metade da população vivendo hoje abaixo da linha da pobreza. Ah, e adivinhe: a corrupção também se alastrou. Mas por que falar muito de mais esse 'caso de sucesso', nos projetos ocidentais para 'mudar regimes' alheios?

O impacto dos cortes do investimento do Estado nos hospitais na Grã-Bretanha – que estão à beira do colapso, porque o governo conservador já não mantém como é seu dever o Serviço Nacional de Saúde (ing. National Health Service, NHS) – é devastador.

O número de operações urgentes canceladas alcançou já nível recorde.

Centenas de bibliotecas públicas foram fechadas. Os cortes estão tendo impacto adverso sobre a vida de milhões de britânicos. Apesar disso, o governo britânico, que diz que não há escolha, só 'austeridade' e mais 'austeridade' em casa... Mas ainda tem dinheiro para as guerras que são parte inseparável dos objetivos da política exterior neoconservadora.

Em outubro, anunciou-se que a Grã-Bretanha reiniciaria o 'treinamento' de 'rebeldes' na Síria. Absolutamente conveniente para o governo britânico, que nenhuma mídia, nenhum jornalismo, nenhum jornalista se interessasse pelo uso – e mau uso – do dinheiro dos contribuintes ao longo de 2016.

O racismo inerente do "intervencionismo liberal"

Muito ouvimos falar de racismo em 2016, mas houve pouca – praticamente nenhuma – atenção jornalística que 'trouxesse à tona' o racismo presente em toda a política exterior ocidental. É considerado fato que dispensa discussões, que políticos e jornalistas do establishment na Grã-Bretanha, nos EUA e na França teriam indiscutível direito de dizer quem 'pode' e quem 'não pode' governar país do sul global, lute ou não contra o racismo.

Imagine a reação, se políticos sírios ou iraquianos se pusessem a 'exigir' mudança de regime na Grã-Bretanha... Por que 'nós' teríamos qualquer direito de intervir nos países 'deles', mas 'eles' não têm direito de intervir no 'nosso'? Aí está uma pergunta que ninguém jamais ouviu perguntada no programa BBC Newsnight ou em qualquer programa de notícias em todo o ocidente, em 2016. A mais mortal forma de racismo não aparece sequer referida – de cobertura satisfatória, nem se cogita –, na mídia de notícias no ocidente.

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