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Diário Liberdade
Sexta, 20 Mai 2016 21:28

Mudanças climáticas ameaçam desenvolvimento e existência humana na África, diz ONU

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/ Consumo e meio natural / Fonte: Opera Mundi

Dados coletados por organismos internacionais apontam que continente africano será o mais vulnerável do mundo a efeitos negativos do aquecimento global; variações climáticas devem afetar oferta hídrica, agricultura e ecossistemas.

“As consequências negativas das mudanças climáticas ameaçam o desenvolvimento e a própria existência dos seres humanos na África. A população, os ecossistemas e sua biodiversidade única serão grandes vítimas” do fenômeno. A declaração do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) demonstra a preocupação do organismo com o continente que contém 54 países e população de aproximadamente 1,2 bilhão de habitantes.

“Nenhum continente sofrerá um golpe tão severo em razão das mudanças climáticas como a África”, afirma o Pnuma, com sede em Nairóbi, no Quênia. Outras organizações internacionais são igualmente contundentes a esse respeito. Por exemplo, com base na análise do IPCC (Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas), o Banco Mundial confirmou que a África será a região mais vulnerável do mundo aos efeitos negativos do aquecimento global.

Na África subsaariana, os eventos climáticos extremos farão com que as áreas secas sejam mais secas e as úmidas mais úmidas, a agricultura sofrerá a perda de cultivos e as enfermidades se espalharão para maiores altitudes, afirmam especialistas do Banco Mundial. Também alertam que, até 2030, cerca de 90 milhões de pessoas mais poderão ficar expostas à malária, “o maior assassino na África subsaariana”.

Essas e outras terríveis conclusões não são novas para os especialistas do Banco Mundial. De fato, há cinco anos, alertaram que a temperatura média nesse continente subiu meio grau Celsius no último século, e que a temperatura anual média, provavelmente, aumentará entre 1,5 e quatro graus até 2099, segundo os últimos dados do IPCC.

Especialistas do Pnuma explicaram que, por sua posição geográfica, o continente africano é particularmente vulnerável devido à “consideravelmente limitada capacidade de adaptação, exacerbada pela pobreza generalizada e falta de desenvolvimento”.

Alguns dos fatos que constam da ficha descritiva Mudanças Climáticas na África, O Que Está Em Jogo?, elaborada pelo Pnuma graças à colaboração do IPCC são surpreendentes:

– até 2020, estima-se que entre 75 milhões e 250 milhões de pessoas na África poderiam sofrer estresse hídrico devido às mudanças climáticas;

– até 2020, a produção agrícola que depende das chuvas poderia diminuir em 50% em alguns países;

– a produção agrícola, que inclui o acesso aos alimentos em muitos países africanos, poderia ser severamente comprometida, o que agravaria a insegurança alimentar e exacerbaria a má nutrição;

– até o final do século 21, o aumento do nível do mar poderia prejudicar áreas costeiras baixas com grandes assentamentos humanos;

– até 2080, poderiam aumentar entre 5% e 8% as terras áridas e semiáridas na África, segundo diversos cenários climáticos;

– o custo das medidas de adaptação poderia ficar entre 5% e 10% do PIB (Produto Interno Bruto).

O capítulo africano do informe do IPCC sobre projeções climáticas para a região confirma esses dados e oferece alguns outros destaques importantes.

Temperatura: até 2050, o aumento da temperatura na África poderá ser, em média, de 1,5 a três graus Celsius, uma tendência que continuaria após essa data. Em todo o continente, o aquecimento muito provavelmente será maior que a média global anual e todas as estações apresentarão regiões subtropicais mais secas do que os trópicos úmidos.

Ecossistemas: estima-se que, até 2080, a proporção de terras áridas e semiáridas na África aumentará entre 5% e 8%. Os ecossistemas são fundamentais porque contribuem significativamente para a biodiversidade e o bem-estar dos seres humanos. Entre 25% e 40% das espécies de mamíferos dos parques nacionais da África subsaariana estarão em perigo. As evidências mostram que o clima modifica os ecossistemas naturais de montanha por meio de complexas interações e respostas.

Precipitações: também haverá grandes variações nas tendências anuais e estacionais das chuvas, bem como eventos extremos de inundações e seca. As precipitações anuais provavelmente diminuirão em grande parte da costa africana que margeia o Mediterrâneo e no norte do Saara, com grandes possiblidades de diminuírem as chuvas na medida em que se aproxima do mar.

Secas: até 2080 projeta-se um aumento de 5% a 8% das terras áridas e semiáridas, segundo vários cenários climáticos. As secas se tornaram mais comuns, especialmente nos trópicos e nas zonas subtropicais desde a década de 1970. A saúde humana, já comprometida por numerosos fatores, poderá se agravar devido às mudanças e à variabilidade climáticas, especialmente a malária na África austral e nas terras altas da África oriental.

Água: até 2020, entre 75 milhões e 250 milhões de pessoas poderão sofrer maior estresse hídrico pelo aquecimento global e, até 2050, seriam entre 350 milhões e 600 milhões. A variabilidade e as mudanças climáticas exercerão uma pressão adicional sobre a disponibilidade, as possibilidades de acesso e a demanda de água na África.

Agricultura: até 2020, a produção dos cultivos dependentes da chuva poderá diminuir em até 50% em alguns países. A produção agrícola, que inclui o acesso aos alimentos em muitos países africanos, poderá estar severamente comprometida. Isso prejudicará mais a segurança alimentar e exacerbará a má nutrição. A renda do setor poderá cair em 90% até 2100, sendo os pequenos produtores os mais prejudicados.

Aumento do nível do mar: a África tem cerca de 320 cidades com mais de dez mil habitantes e aproximadamente 56 milhões de pessoas, segundo estimativas de 2005, em zonas costeiras baixas, a menos de dez metros de altitude. Até o final deste século, a elevação do nível do mar poderá afetar as zonas costeiras baixas com grandes assentamentos humanos.

Energia: o acesso à energia é severamente limitado na África subsaariana, com cerca de 51% da população urbana e 8% da rural conectada à rede elétrica. A extrema pobreza e a falta de acesso a outros tipos de combustíveis faz com que 80% da população africana recorra à biomassa para cobrir suas necessidades domésticas. Essa fonte representa 80% da energia consumida na África subsaariana. Outros problemas como a urbanização, o aumento da demanda por energia e a volatilidade dos preços do petróleo agravam a situação energética no continente.

Outra preocupação da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) é a ameaça que o aquecimento global representa para a produção agrícola. “As mudanças climáticas surge como uma das grandes ameaças ao desenvolvimento agrícola na África”, destaca. E acrescenta que a cada vez mais imprevisível e irregular natureza dos sistemas climáticos no continente constituem uma carga adicional para a segurança alimentar e o sustento rural.

“A previsão é que a agricultura sofrerá uma parte significativa do dano causado pelas mudanças climáticas”, ressalta a FAO. O setor sofrerá períodos prolongados de secas e/ou inundações durante o fenômeno El Niño/La Niña. A pesca será particularmente prejudicada pelas mudanças na temperatura do mar, o que reduzirá a produtividade entre 50% e 60%.

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