Essa também havia sido a promessa de campanha de muitos deputados republicanos. Após o anúncio de que a votação da proposta seria adiada, Trump disse que não conseguiu a vitória “por pouco” e se disse “surpreso e desapontado”, colocando a culpa no Partido Democrata. “Nós não tínhamos nenhum voto dos democratas. Eles não iriam nos dar nem mesmo um voto, então é uma coisa muito difícil de se fazer”.
No entanto, a ausência de votos dos democratas era algo esperado desde o início, e a avaliação que prevaleceu em Washington é a de que Trump não teria o voto dos próprios republicanos de seu partido, que têm maioria em ambas as casas do Congresso. Depois de muitas negociações, Trump e o presidente da Câmara, Paul Ryan, não conseguiram convencer os republicanos a votarem a favor do projeto.
Alguns republicanos mais conservadores disseram que a proposta de Trump “não vai longe o suficiente” na desregulamentação do atual sistema, enquanto outros têm medo de que sua base fique sem cobertura de plano de saúde. Membros do “Freedom House Caucus”, grupo que reúne os republicamos mais conservadores da Câmara dos Deputados, não aceitaram votar a favor da lei, mas anunciaram, logo após a suspensão, que querem continuar trabalhando com Trump para substituir o Obamacare.
Ryan não soube dizer se o Obamacare será de fato substituído em breve. Já a líder dos Democratas na Câmara, Nancy Pelosi, disse que esta foi uma “vitória para todos os americanos”.
A votação era considerada o primeiro teste do poder de articulação de Trump no Congresso e ele chegou a dar um ultimato aos deputados na quinta-feira (23), dizendo que deveriam votar o projeto ou teriam que se contentar e continuar com o Obamacare. Mas a ameaça não funcionou, e a suspensão da votação passa a ser a primeira grande derrota do presidente, que já anunciou que a partir de agora vai passar a focar na reforma tributária.