Os resultados não surpreenderam. Em terceiro e quarto lugares, com percentagens levemente inferiores a 20% situaram se François Fillon, ex primeiro-ministro, e Jean-Luc Mélenchon, o líder da coligação de esquerdas, apoiada pelo PCF e por organizações trotskistas.
Benoit Hamon, candidato do Partido Socialista, obteve uma votação inexpressiva, próxima dos 6%.
Macron era praticamente um desconhecido para a maioria dos franceses até há poucos meses. A sua ascensão vertiginosa resultou em grande parte da desconfiança que os três principais adversários inspiravam a sectores do eleitorado, alias antagónicos.
Fillon, porta-voz da direita tradicional, teve o nome envolvido em escândalos ligados a nomeações de familiares para cargos públicos; Mélenchon, que subiu muito nas ultimas semanas, dificilmente poderia passar à segunda volta porque a extrema-esquerda francesa assusta politicamente a maioria dos franceses, não obstante o PCF ser hoje na prática um partido integrado no sistema.
Macron fez uma campanha discreta, com um programa conservador, marcado aliás por contradições. Foi o grande beneficiário das reações hostis da maioria aos adversários.
Marine Le Pen retomou na campanha os seus temas favoritos: rutura com a CEE, promessa de medidas xenófobas, expulsão de imigrantes, saída de Schengen. O seu discurso triunfalista não produzirá efeitos eleitorais. Tudo indica que será amplamente derrotada por Macron no dia 7 de maio. Embora num contexto diferente, repetir-se-á o que aconteceu quando Chirac obteve uma maioria superior a 80% porque os demais partidos votaram contra Le Pen. A percentagem será agora inferior, mas Macron será certamente o próximo presidente da França.
Uma conclusão partilhada pela maioria dos observadores internacionais: a V Republica, iniciada pelo general de Gaulle, está doente, talvez incurável. O sistema não pode permanecer como está. Mas o futuro próximo é imprevisível.
OS EDITORES DE ODIARIO.INFO