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Diário Liberdade
Sábado, 06 Mai 2017 14:27 Última modificação em Terça, 09 Mai 2017 16:56

O feminismo "branco" criticado polo obscurantismo feminizado Destaque

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/ Mulher e LGBT / Fonte: Blog de Nazanin Armanian

[Nazanín Armanian, traduçom do Diário Liberdade] O último para debilitar e desacreditar o movimento universal de libertaçom da mulher foi acusá-lo de representar o "feminismo branco-ocidental-cristao", de exercer superioridade racial e de classe sobre as mulheres doutros países, raças e religions, e elaborar receitas equivocadas para elas, menosprezando sua vontade de se sentirem felizes como elas desejam.

A ofensiva provém das mulheres fundamentalistas islámicas —entre elas numerosas conversas—, que, depois do fracasso de suas propostas nos países "mussulmanos", se proveitam do profundo desconhecimento de boa parte dos intelectuais e ativistas europeus a respeito da história do movimento feminista de Oriente Próximo para vender a sua velha mercadoria, impedindo o progresso.

Estratégias de conduzir para a confusom

– Na Europa, estas acusaçons carecem de sentido: o feminismo no Estado espanhol, por exemplo, incluiu nas suas demandas uma ampla panóplia de direitos (de educaçom, reforma, trabalho, etc.) para as imigrantes, que se encontram numha situaçom de especial vulnerabilidade. Direitos que as mulheres fundamentalistas nom pedem nem para as mulheres dos países de Oriente Próximo dominados pola direita religiosa. No seu discurso, nom passa de defender o véu e justificar a poliginia, nom cabem os problemas reais das mulheres trabalhadoras imigrantes, como “os papéis”, um salário digno, etc.

– Identificar, de forma intencionada, as conquistas das mulheres trabalhadoras dos países ocidentais (polas quais milhares fôrom perseguidas, torturadas e assassinadas), com o colonialismo dos seus mandatários. Assi, conseguírom gerar confusom e sentimentos de culpa num setor do feminismo europeu, ocultando um pormenor importante: que o colonialismo nom seria possível sem a cooperaçom necessária dos senhores feudais e burgueses locais, na sua maioria homens muito devotos.

– Ignorar a evoluçom do movimento feminista, cuja teoria superou com diferença os limites impostos à sua luita pola eliminaçom de todas formas de exploraçom e opressom contra a mulher, de qualquer classe, raça, etnia e credo. Em seu longo e duríssimo trajeto, o feminismo foi acrescentando à sua agenda a luita contra o patriarcado, o capitalismo, o imperialismo, os fundamentalismos e as teocracias ou a mudança climática –que feminiza ainda mais a pobreza, e inclusive aqueles abusos que se cometem em nome das “singularidades religiosas e culturais”: estamos ante o Feminismo Interseccional.

– O uso despetivo do termo reducionista “feminismo branco” para se referir ao conjunto do movimento feminista europeu atual, que é representante das conquistas das mulheres de esquerda no Ocidente capitalista e no Oriente socialista. O “feminismo branco” que nasceu no século XIX em EUA e Gram-Bretanha, foi um grande passo na luita das mulheres em ditos países, apesar de desatender as demandas das mulheres negras e índias, que o corrigiram com sua ?feminismo negro?.

– Que esta capacidade de autocrítica e progresso nasce justamente do compromisso e da natureza laica do feminismo, baseado na racionalidade e nom na “fé” e textos sagrados inamovibles. Por isso, quando as sufragistas norte-americana convertem o direito ao voto num dos principais meios para atingir os direitos da mulher, também incluem o voto das mulheres negras; ou mais adiante nos anos sessenta, o movimento feminista de Redstockings em Nova Iorque, assinala com o dedo um pormenor de grande importáncia: que a comissom que estudava a reforma da Lei do aborto era composta por 14 homens e umha única mulher: umha freira. Para concluir que “A submissom das mulheres à supremacia masculina é umha adaptaçom consciente à sua falta de poder sob o patriarcado” criticando os mecanismos de “lavagem cerebral” a que as instituiçons do Estado capitalista submetem os cidadaos. O reduzido custo da exploraçom das mulheres guarda umha relaçom direta com a sua falta de consciência e de organizaçom frente aos poderes batoteiros e manipuladores.

– Também o Islám, o cristianismo e o judaísmo fôrom colonialistas. Durante o seu domínio sobre os povos conquistados, e depois de décadas e séculos de guerra, obrigavam-nos a mudarem de religiom, de vestimenta, de nomes, de tradiçons e inclusive do alfabeto e língua, submetendo sobretodo as suas mulheres. Ainda hoje, as elites de ditas religions continuam a tentar colonizar as terras estratégicas e ricas em recursos de África, Ásia e América Latina.

– Na sua focagem tribal os problemas das mulheres “mussulmanas” carecem de conexom com o resto das mulheres, e as soluçons também. Como poderia ser melhorado as condiçons trabalhistas das trabalhadoras bengalis ou galegas de Zara sendo o seu dono o espanhol Amancio Ortega? As mulheres “anti feminismo branco” nom andam nas sedes dos sindicatos, defendendo a igualdade de salários ou um ambiente laboral livre de assédio sexual. O fundamentalismo opom-se à justiça social, às liberdades individuais e políticas, aos sindicatos e partidos de esquerda por serem inventos dos infiéis ocidentais brancos. Outra cousa é legitimar a compra de armas aos mesmíssimos EUA ou Israel, os inimigos proclamados.

– Riscar de “colonialismo branco” o movimento feminista significa dizer que o marxismo é colonial por ser o seu fundador um homem alemám, branco e para mais judeu. Mesmo assim, os cidadaos –mussulmanos e judeus– do Iémen do Sul desfrutárom entre 1964 e 1991 de um Estado de Bem-Estar e umha estabilidade inaudita para a sua história milenar; o mesmo que os cidadaos dos países “mussulmanos” da Ásia Central, ou a católica Polónia, cujas mulheres hoje sob um regime da extrema-direita católica, sentem falta dos direitos que tinham durante a era socialista, apesar das suas deficiências.

Ser diferentes significa ser superiores

A escritora Martha Zein denuncia a posiçom crítica destas mulheres, que “nem sequer defendem as mulheres empobrecidas pola sua condiçom de classe e de género, nem questionam o capitalismo quando está disfarçado da religiom. O feminismo negro uniu a raça, o género e a classe para se imporse e fijo-o na rua, nom nos cómodos sofás”.

De algum modo, a posiçom dessas mulheres pertencentes às classes média e alta assemelha-se à dos defensores do ventre de aluguer: apoiam-no aqueles homens e mulheres que nom alugariam o seu. A principal preocupaçom das mulheres de direita religiosa é salvar as mulheres do seu grupo da “corrupçom moral” que pode gerar o discurso subversivo e contagioso das mulheres ativistas progressistas.

Há uns 40 anos, o intelectual palestiniano Edward Said tentava convencer o mundo ocidental que os cidadaos do “mundo islámico” eram seres humanos normais, que nom inferiores, com as mesmas necessidades e aspiraçons que outros seres humanos. Se levantasse a cabeça veria que também amplos setores de alguns países de Oriente Próximo se julgam diferentes, mas muito superiores ao resto dos mortais, pola moral e o credo que representam. A crença de ser eleito por Deus impossibilita o progresso por desprezar a solidariedade e empatia com outros seres humanos. O discurso da singularidade “cultural/religiosa” está ao serviço da divisom do movimento feminista, e despolitiza a análise sobre as raízes dos privilégios de uns a costa de outras, e também as propostas para um mundo justo.

É óbvio que a prioridade das feministas da cidade de Juárez ou Kabul nom é a mesma que as suecas ou das japonesas. O feminismo sem adjetivos, que é uma doutrina geral que teria que adaptar as necessidades da cada povo e na cada momento histórico, está utilizando três ferramentas principais para cumprir com a sua funçom:

1.A Maquinaria Política: instituiçons governamentais e internacionais como a ONU; bem como agrupamentos que organizam as mulheres e homens para os seus objetivos.

2. As Redes sociais de Apoio sobre um tema em concreto, como a luita contra a violência de género, a lapidaçom, os crimes de honra, etc.

3. A Criaçom de Linguagem com o fim de incrementar as consciências, como os termos “femicídio”, “micromachismos”, ou “violaçom dentro do casal”.

O assalto do neoliberalismo, o imperialismo e o obscurantismo religioso aos direitos da mulher é um fenómeno global e os fundamentalismos feminizados nom som precisamente um aliado nesta batalha, ao contrário. Fátima Mernissi ou Shirin Ebadi, porta-vozes do islamismo burguês, só tentárom obter alguma concessom do sistema, nem sequer reformá-lo, nem muito menos desmantelá-lo, enquanto centenas de feministas fôrom encarceradas e assassinadas por defenderem umha vida digna para todos/as: os homens “normais” também nom poderám ser felizes vivendo ao lado de uma mulher humilhada e desgraçada.

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