Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito decidiram, na semana passada, suspender as relações com o governo em Doha, alegando que o emirado apoia o terrorismo. Apesar de ser um dos países mais ricos do mundo, o Catar importa alimentos básicos, como carne, leite e açúcar.
"Até o momento, já foram enviados ao Catar cinco aviões carregados de alimentos perecíveis, como frutas e verduras, cada um com uma carga de 90 toneladas", disse o porta-voz da Iran Air, Shahrokh Noushabadi, a agências de notícias. Segundo ele, um sexto avião deve partir neste domingo.
O funcionário da companhia aérea nacional do Irã acrescentou que o envio de alimentos será mantido "enquanto houver demanda", sem deixar claro se as remessas se tratam de uma prestação de ajuda por parte de Teerã ou de uma transação comercial.
Citando autoridades locais, a agência de notícias iraniana Tasnim afirmou que, além dos aviões, três barcos foram carregados com 350 toneladas de alimentos com intuito de seguir em direção ao Catar. Eles partiriam do porto de Dayyer, no sul do Irã, muito próximo à pequena península no Golfo.
Ainda segundo a Tasnim, o chefe de indústrias, negócios e comércio da província iraniana de Fars, Ali Hemmati, afirmou neste domingo que a expectativa é de exportar 100 toneladas de frutas e vegetais para o país vizinho todos os dias.
Isolamento diplomático
O Catar encontra-se isolado em meio a uma crise diplomática desde a segunda-feira passada, quando potências do Golfo decidiram voltar as costas para Doha. As fronteiras com o país foram fechadas, bem como as ligações aéreas, marítimas e terrestres.
A justificativa oficial é que o país apoia o terrorismo do "Estado Islâmico" (EI), da Irmandade Muçulmana e do grupo radical palestino Hamas, assim como de grupos extremistas na região de Qatif, no leste da Arábia Saudita, e no Bahrein. O governo em Doha nega as acusações.
O conflito promete sérios impactos na economia do Catar, que antes da ruptura estava importando cerca de 80% de seus alimentos dos países vizinhos no Golfo. Dessa quantidade, metade passava pela fronteira terrestre com a Arábia Saudita, agora bloqueada.
Neste domingo, o governo do Kuwait, que se ofereceu para mediar o conflito e tem intensificado os contatos com as partes envolvidas, informou que o Catar está disposto a dialogar com as outras potências do Golfo na tentativa de solucionar a crise diplomática.
Em comunicado, o ministro do Interior do Kuwait, Sabah Al-Khalid Al-Sabah, disse que o país está pronto "para entender as hesitações e preocupações de seus irmãos e considerar os nobres esforços que visam aumentar a segurança e a estabilidade". Doha não confirmou a declaração.
Também neste domingo, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, declarou estar confiante de que a "região retornará à normalidade" e que a crise atual não afetará a Copa do Mundo de futebol de 2022, que será sediada no Catar.