A Turquia convocou nesta quinta-feira (2) seu embaixador na Alemanha para consultas após o Parlamento alemão reconhecer que o massacre de armênios cometido por forças otomanas em 1915 foi um genocídio.
A votação ocorreu apesar das advertências da Turquia de que as relações bilaterais seriam afetadas pela medida, em um momento em que Berlim e parceiros europeus precisam da ajuda turca para lidar com a crise de refugiados.
Na resolução simbólica aprovada nesta quinta, os parlamentares reconhecem como genocídio os massacres dos armênios cometidos há mais de um século pelo Império otomano que causaram a morte de até 1,5 milhão de pessoas pertencentes às minorias cristãs.
O documento cita também a responsabilidade alemã sobre os acontecimentos, já que o país era então aliado do Império Otomano.
A resolução, apresentada de maneira pactuada pela coalizão do governo de conservadores e social-democratas, junto com os verdes, teve apenas um voto contra e uma abstenção, segundo o presidente do Parlamento alemão, Norbert Lammert.
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, criticou a moção, que classificou como “irracional” e "um erro histórico". Antes da votação, ele havia afirmado que a declaração seria um “verdadeiro teste de amizade” entre os dois países.
A Turquia rejeita o uso do termo genocídio para descrever os acontecimentos e diz que o número de mortes foi menor do que afirmam os armênios.
Em nota, membros da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Turquia condenaram a moção do Parlamento alemão.
“É totalmente inaceitável que esses eventos, que ocorreram sob condições especiais na Primeira Guerra Mundial 101 anos atrás e causaram sofrimento tanto para turcos como para armênios, sejam apresentados como ‘genocídio’ baseado em manipulações, distorções e várias motivações políticas subjetivas”, afirma o comunicado.
Já o chanceler da Armênia, Edward Nalbandian, disse que a resolução foi uma “contribuição valiosa” para “o reconhecimento internacional e condenação do genocídio armênio”.
Mais de 20 nações, incluindo a França e a Rússia, reconheceram as mortes de 1915 como um genocídio.