A China anunciou que o estabelecimento da base de apoio do seu Exército de Libertação Popular (ELP) em Djibuti é uma decisão tomada pelos dois países após negociações amistosas e contribuirá para o cumprimento das suas obrigações internacionais.
Em Pequim, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, citado pela agência Xinhua, explicou que, de acordo com resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a China tem enviado, desde 2008, em missões de escolta, navios para o Golfo de Áden e para águas da Somália. Durante estas operações de escolta, os chineses encontraram dificuldades no reabastecimento de alimentos e combustível, tendo o Djibuti oferecido apoio logístico em diversas ocasiões.
A base de apoio «servirá melhor às forças chinesas quando escoltarem navios no Golfo de Áden e, nas águas da Somália, realizarem resgates humanitários e outras obrigações internacionais», esclareceu o porta-voz chinês. Além disso, acrescentou, «a base contribuirá para estimular o desenvolvimento económico e social de Djibuti e ajudará a China a contribuir para a paz e a estabilidade da África e do mundo». A China «está empenhada num desenvolvimento pacífico, a sua política militar é de natureza defensiva e isso não muda», insistiu.
Navios da marinha da China, transportando tropas, deixaram no dia 11 Zhanjiang, na província de Guangdong, no Sul do país, em direcção a Djibuti, para se instalarem na base de apoio chinesa nesse país africano.
Trata-se da primeira base militar chinesa no estrangeiro.
Pequim tinha anunciado no início de 2016 o lançamento da construção dessas instalações em Djibuti. Este país alberga já bases militares dos Estados Unidos, da França e do Japão, além de conceder «facilidades» a outros estados, ocidentais e árabes.
Com menos de um milhão de habitantes, Djibuti está estrategicamente situado à beira do estreito de Bab-el-Mandeb, uma dos corredores marítimos mais frequentados em todo o mundo.
Em Washington, o Pentágono tinha estimado num relatório em Junho que a base chinesa «reflecte e amplia a crescente influência da China, que aumenta a dimensão das suas forças armadas». Pequim rejeitou estas acusações e assegurou que «a China não procura a expansão militar».
A China, sem passado colonizador, é já o maior parceiro comercial de África. E, para além das relações militares, continua a reforçar os laços económicos com o continente.
Uma boa parte dos investimentos que está a fazer no quadro da Nova Rota da Seda, um programa de investimentos em infra-estruturas de transportes (portos, estradas, caminhos-de-ferro), destina-se a África, a começar pela África do Leste.
No Quénia, por exemplo, os chineses investiram 13 mil milhões de dólares e estão a construir uma rede ferroviária que ligará o porto de Mombaça a Nairobi e a outras capitais da região.
E, no Djibuti, além da sua base logística, a China investiu quatro mil milhões de dólares na ferrovia entre as cidades de Djibuti e Adis-Abeba, para facilitar as trocas com a grande Etiópia, um dos «motores» económicos da região mas sem saída para o mar.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2277, 20.07.2017