O problema do Comunismo é defender que somos todos iguais, nem mais nem menos que os outros, com acesso a educação, saúde, paz, pão, habitação, emprego e um futuro, sem nada em troca. Ora, isto não é apenas impensável nos dias de hoje, é errado, para não dizer perigoso. Afinal, o que seria deste mundo se todo um povo se decidisse a ter acesso às premissas básicas da vida, ao sonho e à capacidade de sonhar, desejar, almejar e conquistar?
O problema do Comunismo é este desejo de alfabetizar, educar, ensinar, cuidar, cultivar, desmistificar, esclarecer mitos, patranhas, medos e mentiras, insistindo e teimando na necessidade de cada um pensar por si e não em nome de um todo chamado capital, julgando e condenando pares e iguais em função dos números de uma conta bancária.
O problema do Comunismo é a defesa do livre arbítrio, uma conquista da Humanidade e uma grande dor de cabeça para meia dúzia de indíviduos e famílias, os quais acabam por dedicar grande parte do seu tempo e energias a combater direitos, liberdades e garantias em detrimento dos seus próprios negócios. E isto é, também, uma grande chatice.
Até porque o problema do Comunismo é, igualmente, a defesa do fim da propriedade privada, lá está, pelo bem comum, o que é meu é teu e vice-versa, se hoje és tu quem precisa, amanhã somos nós, e o mundo seria um lugar tão bom se todos concordássemos em partilhar esta Terra onde um dia nascemos e de onde, pragmaticamente, haveremos de partir.
E isto independentemente da quantidade estúpida de dinheiro que possas ter quando a morte está bem morta, desde sempre, livre de todos os bens materiais e, no entanto, tão ávida de ti.
Até porque o problema do Comunismo é defender cegamente a não existência de um Deus ou, pelo menos, a não existência de um Deus que se possa comprar, e digam-me lá qual a importância do dinheiro quando se pode criar vida, planetas, universos inteiros na ponta dos dedos enquanto se caminha numa praia cujos grãos de areia somos nós?
O problema do Comunismo é a malta ainda não se ter esquecido de quando teve de emigrar para o Brasil depois de tudo feito ao longo de 48 anos de ditadura por um povo injustamente ingrato.
Mas continuemos, para quem ainda não percebeu, o Comunismo tem muitos problemas, sendo um deles a ausência de chefias, líderes ou responsáveis máximos quando todos somos responsáveis, não tendo ninguém para culpar a não ser nós mesmos sempre que tudo corre mal e tudo corre bem. E isto não só é uma grande chatice, é também difícil de compreender.
E o problema do Comunismo é votar de mão no ar e não secretamente, respeitando opiniões contrárias, procurando saber, debater, aprender ao sabor dos tempos para assim viver, sem morrer, século XXI adentro.
O maior problema do Comunismo é ainda estar por acontecer, sendo um ideal para o qual se trabalha e luta para que nunca, mas mesmo nunca, o Homem volte a explorar o Homem. E, apesar de não existir, saber todo o mal que se fez em seu nome para que hoje tantos lutem ferozmente sempre que um trabalhador se levanta a exigir que é seu por direito.
Mas se não existe, há-de existir, e o problema dos comunistas é saberem ser a razão da História, de pouco importando a celebração deste dia por vir quando se trabalha em prol das gerações futuras e se vive esta alegria. O problema da Venezuela não é ser de esquerda, radical ou comunista.
O problema da Venezuela é ter petróleo e, quiçá, “nucular weapons” no sentido de uma mais que provável intervenção estrangeira. Não tivesse petróleo e, estou certo, os venezuelanos poderiam ser livres e o mundo inteiro não deixaria de girar por isso.