No ano passado, o valor concentrado nos mais ricos dos mais ricos cresceu 17% e o principal responsável pela produção do estudo, Josef Stadle, gestor de mega-fortunas do UBS, afirmou ao The Guardian que a concentração da riqueza está hoje ao nível do início do século XX.
Com uma candura pouco habitual, Stadler disse ao diário britânico que os seus clientes sentem um medo crescente que o aprofundar das desigualdades resulte num «intervenção» da sociedade e num «contra-ataque».
Por isso, explica o banqueiro, os 1500 mais ricos do mundo estão a investir na compra de obras de arte e contrução de galerias públicas, assim como a investir em equipas e equipamentos desportivos. O objectivo, prossegue, é «combater a percepção de que estão a enriquecer à custa da amplas camadas da população». A isto acresce uma outra vantagem que não é dispicienda: os amplos benefícios fiscais que conseguem desta forma.
Em Julho, a revista Exame publicou uma lista dos 25 mais ricos de Portugal, revelando que 2016 foi o quarto ano consecutivo em que as suas fortunas cresceram.
Em menos de 20 anos, desde 1999, os mais ricos do mundo multiplicaram a sua riqueza mais de seis vezes – a maior subida desde o período anterior à Revolução de Outubro, na Rússia Czarista, à crise económica da década de 1930.
As profundas transformações económicas que se seguiram à Revolução de Outubro, com consequências em todo o mundo, contribuíram decisivamente para dimiuir as desigualdades e reduzir a concentração da riqueza num punhado de pessoas. Sintomaticamente, a recuperação da elite dos mais ricos iniciou-se na década que se seguiu ao desaparecimento do bloco socialista no Leste europeu.