Nessa última quarta-feira (06 de dezembro), o governo estadunidense declarou a intenção de reconhecimento diplomático da cidade de Jerusalém como capital de Israel e a transferência imediata de sua embaixada instalada atualmente em Tel Aviv.
O anúncio dessa medida, feita pelo próprio presidente Donald Trump, sugere inequivocamente que estaremos diante de uma nova escalada de confrontos na região, pois, desde 1947, quando a ONU determinou a criação de um Estado Judeu e outro Árabe, a administração de Jerusalém, por todas as peculiaridades religiosas que possui, estaria subordinada a um regime administrativo especial, com a participação dos dois Estados recém criados e representantes da ONU.
Mas o que se viu não foi isso. Em 1948 iniciou-se um conflito entre as partes, e os termos do acordo assinado em 1947 foram desrespeitados. Parcela da parte ocidental da cidade passou a ser anexada militarmente ao Estado de Israel. Anos mais tarde, durante a Guerra de Seis Dias (1967), Israel, como espólio de guerra, ocupou a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. A região ocupada vivenciou dezenas de conflitos armados desde então, que já deixaram mais de 500 mil pessoas (em sua maioria crianças e mulheres) mortas ao longo de 70 anos de ocupação, levando ao refúgio de milhares de palestinos em outros países da região. Atualmente, mais de 1,5 milhões de palestinos vivem fora de suas terras. A Faixa de Gaza, desde o intenso bombardeio a que foi submetida em 2013, é hoje o maior campo de concentração a céu aberto do mundo!
O Parlamento dos EUA, desde a década de 1990, já havia aprovado essa resolução, mas, devido ao histórico de conflitos e o temor de que a aplicação dessa descabida medida pudesse aumentar a instabilidade regional, sempre foi protelada, apesar das pressões dos grupos empresariais sionistas.
Essa medida possibilita ao governo de Israel avançar seu plano de expansão de assentamentos judaicos, expulsando ainda mais famílias de uma cidade reconhecida como cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos, impossibilitando qualquer avanço rumo à consolidação de um Estado Palestino.
Compreende, por sua vez, um acerto de campanha com os grupos da extrema direita israelense que apoiaram a candidatura de Donald Trump e o próprio governo de Benjamin Netanyahu, que, desgastado internamente, vê a possibilidade de refortalecimento diante do reconhecimento de Jerusalém como a capital do Estado de Israel. Ao mesmo tempo, segmentos cristãos conservadores, em diversas partes do mundo, veem no reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel a confirmação de uma profecia bíblica que antecederia o retorno de Jesus e a aproximação do Apocalipse, tendendo dessa forma a apoiar moralmente esse anúncio. O uso da fé e da religião para conquistar o apoio da opinião pública, mais uma vez, revela o grau de manipulação alienante que encobre e/ou esvazia os reais interesses políticos, econômicos e militares que envolvem toda a questão.
Deve-se compreender que tal medida é uma aposta na política beligerante no Oriente Médio, alimentando mais conflitos que só interessam à indústria bélica dos EUA e de Israel por um lado e as justificativas de intervenções políticas e militares, por outro, assim como ocorreu recentemente na Síria e no Iraque.
A ampla maioria da comunidade internacional se posicionou contrária a essa medida anunciada e manifestou preocupações com o futuro da região e o possível recrudescimento de conflitos mais intensos e abrangentes, que poderá proporcionar mais genocídios e alimentar a proliferação de grupos fundamentalistas.
O PCB denuncia a escalada reacionária em curso em mais uma investida criminosa contra o povo palestino e o seu legítimo direito pela autodeterminação e estabelecimento de um Estado em que Jerusalém possa estar presente como cidade comum. Solidarizamo-nos com a causa palestina e seu heroico povo em sua saga pela emancipação política contra o jugo do Estado sionista de Israel, evidenciando que a descabida provocação anunciada pelo Governo de Donald Trump apenas aprofundará os conflitos na região e ampliará o apartheid social e a espoliação política sobre milhões de palestinos.
Também denunciamos o criminoso silêncio do governo brasileiro, que usa o episódio como moeda de troca para agradar a direita neopentecostal no parlamento e demonstrar internacionalmente seu papel subalterno em relação ao governo de Trump e suas pretensões imperialistas e genocidas.
VIVA A LUTA DO POVO PALESTINO!
ABAIXO O SIONISMO E O IMPERIALISMO!