Vídeo de Reus Digital: Manifestaçom hoje em Bruxelas.
Nom foi a maior manifestaçom de sempre, mas nengumha antes tinha mobilizado tantas pessoas de um país a 1,300 km de distáncia. O parque do Cincuentenário e as suas redondezas ficárom completamente colapsados com milhares de bandeiras catalás e reivindicaçons de independência para o Principado da Catalunha, o país mais povoado e dinámico dos Países Cataláns, hoje submetidos por Espanha, na sua maior parte, mas também pola França e mesmo com um pequeno território, a Andorra, constituido em estado independente.
Para além da independência, evidentemente, umha grande parte dos gritos fôrom para exigir a liberdade das e dos pressos e exilados políticos por causa da repressom do regime espanhol: Madrid prendeu através das suas extensons judiciais a totalidade da equipa de governo da Catalunha excepto ao seu Presidente, Carles Puigdemont, e quatro Ministros - os cinco refugiárom-se em Bélgica poucas horas antes das detençons. Todo isso, após darem cumprimento ao mandado democrático do referendo de 1 de outubro, em que o povo votou maioritariamente pola independência.
A manifestaçom tivo como elemento destacado ter levado ao centro da Europa a reivindicaçom catalá, porquanto é precisamente a Uniom Europeia quem está a dar cobertura internacional mais direta às constantes violaçons de direitos, à violência e às vulneraçons do direito internacional - e até das próprias leis espanholas - com que Madrid está a tentar travar a massiva voz de um povo que exige decidir o seu futuro e caminhar face à independência. Carles Puigdemont, que estivo na manifestaçom de hoje junto a outros quadros catalans, interpelou diretamente ao Presidente da Comissom Europeia, o luxemburguês Jean Claude Juncker, a quem perguntou se "algumha vez se vira umha manifestaçom como esta para dar suporte a criminais? Se calhar é porque nom somos criminais mas demócratas". A UE, e especificamente o luxemburguês Juncker, tem dado apoio repetidamente a Madrid, de maneira expressa, nas suas detençons contra líderes políticos, sem criticar a desmedida violência empregada polo regime bourbónico nem reconhecer a república catalá declarada a 27 de outubro.
Censura e manipulaçom
Para a ocasiom, a Junta Electoral espanhola, mais um dos muitos braços de apariência democrática com que o regime espanhol tenta dar umha imagem limpa, proibiu a televisom pública da Catalunha e também a rádio transmitirem ao vivo a multitudinária convocatória, em base a umha alegada "modulaçom do direito de expressom", outra maneira de explicar que se pode acabar com ele se for para favorecer os interesses do nacionalismo espanhol. Curiosamente, as televisons privadas pró-espanholas, como Telecinco ou La Sexta, puderom si emitir as suas programaçons especiais ao respeito sem qualquer obstáculo.
Essa obsessom com ocultar o que acontecia hoje na Bélgica compreendeu-se melhor quando horas mais tarde sabíamos que a televisom pública espanhola (TVE) dava o dado de 10,000 participantes e classificava de fracasso a histórica, massiva e digna manifestaçom.
Um governo na cadeia, exilado e censurado enquanto Madrid tem sequestrada a Catalunha numha campanha eleitoral que conduz a un cenário incerto
Neste momento, permanecem em prisom e ainda sem julgamento - nem data prevista para ele - o Vice-Presidente legítimo, Oriol Junqueras, e o seu Ministro do Interior, Joaquim Forn, para além de dous destacados líderes sociais do indepententismo, nomeadamente Jordi Sánchez e Jordi Cuixart. O resto de presos e presas fôrom por enquanto libertadas, mas só sob a condiçom prévia de se declararem subditos do Rei Filipe VI e renunciarem à liberdade do seu povo, via acatamento da Constitución Española, redigida por destacados quadros franquistas, em conivência com setores conservadores e mesmo da esquerda entreguista espanhola em 1978.
O Presidente Carles Puigdemont e quatro Ministros estám exilados - os cinco refugiárom-se em Bélgica poucas horas antes das detençons. Entretanto, o resto da equipa de governo está impedida de se expressar livremente logo após a sua liberdade condicional na semana passada, para a qual o sistema judiciário a serviço do regime espanhol exigiu acatar a legalidade monárquica.
Após o referendo de autodeterminaçom de 1 de outubro passado, com contundente vitória do Si, e o qual Espanha tentou impedir pola força - os agentes de distúrbios desse país deixárom mais de 1,000 feridas na jornada de votaçom - a Catalunha avançou para umha declaraçom de independência onze dias depois, mas suspendida imediatamente polo Presidente Puigdemont - permitindo o espanholismo armar-se mais eficientemente e provocando a perda de iniciativa do independentismo, e a sua entrada efetiva em vigor no dia 27 desse mês. Poucas horas mais tarde, o governo ultranacionalista de Mariano Rajói (PP) lançava a sua razzia, suspendia a autonomia catalá e convocava eleiçons autónomas, contrariando mesmo a própria legislaçom espanhola.
Perante a evidente e reconhecida incapacidade do independentismo para dar conteúdo prático à independência frente ao uso da força e a conivência da chamada comunidade internacional, especialmente da UE, todos os partidos dessa corrente vam concorrer às eleiçons convocadas por Madrid. A campanha eleitoral, que já começou, está a ser gravemente empecida, com parte dos e das candidatas na cadeia ou exiladas. Ainda, os organismos espanhóis estám a manipular abertamente os inquéritos - esta mesma semana o oficial CIS dava como primeira força à nacionalista espanhola Ciudadanos, mas na letra pequena do estudo explicava-se que a estimativa de voto dessa força e da outra grande força ultranacionalista de direita, o PP, foram alargadas em 40% e mais de 100% respetivamente.
Ainda, a contagem dos resultados das eleiçons, que serám a 21 de dezembro, será realizada pola empresa Indra, investigada polas suas relaçons de favor precisamente com o Partido Popular (PP).
Polo outro lado, nom é clara a situaçom política nem social que sairá da nova constituiçom do parlamento autónomo, tanto se há a previsível vitória do independentismo como se se configura umha outra maioria do nacionalismo espanhol.