A exposição de fotografias “Presos Políticos na Espanha Contemporânea” foi retirada por exigência dos responsáveis pela organização da feira, sob o pífio pretexto de que a peça iria prejudicar a visibilidade do conjunto dos conteúdos que reúne a Arco Madrid 2018.
O autor da peça, Santiago Sierra, que entre as 24 fotos pixelizadas incluiu a do ex-vice-presidente do governo catalão Oriol Junqueras, criticou a decisão, que classificou como “censura”. Santiago Sierra mostra a imagem de presos independentistas catalães e bascos, assim como de anarquistas, de músicos condenados por “apologia ao terrorismo” ou de simples activistas políticos e sociais.
No País Basco dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se recentemente nas ruas contra o tratamento desumano dado aos cerca de 500 presos políticos e suas famílias. A Catalunha oprimida, continua ocupada a mando do Governo de Rajoy, de um aparelho jurídico onde também estão bem presentes largos traços da repressão franquista, assim como das polícias ao seu serviço. Ao longo dos anos, o País Basco e a Catalunha têm sentido bem o violento poder repressivo de Madrid.
Este acto de censura da ARCO acontece numa sociedade capitalista fortemente exploradora, em muito herdeira dos valores ditatoriais do franquismo e onde as classes dominantes negam com veemência a existência de presos políticos no Estado espanhol. Vejam-se também os valores conservadores, repressivos e censórios da monarquia do país vizinho, assim como dos mais importantes partidos do actual poder político espanhol: PP, PSOE e Cidadãos. Igualmente, o conteúdo de classe e censório dos principais média do sistema como El País, El Mundo ou a TVE.
Que liberdades e democracia em Espanha? Que o digam — sabem-no por experiência própria — as classes trabalhadoras e os militantes políticos de esquerda do Estado espanhol, assim como os povos da Catalunha, do País Basco ou da Galiza!