Salvini (o seu partido, a Liga, obteve 17%, a coligação em que foi o mais votado, com 37%) e Di Maio (o M5S aproximou-se dos 33%) tinham chegado a um acordo há alguns dias, o problema foi mesmo Silvio Berlusconi. O antigo primeiro-ministro, ainda aprendendo a viver na realidade pós-4 de março, em uma Itália em que ele já não é o líder da aliança de direita, insistiu que queria que Paolo Romani presidisse o Senado, um candidato vetado pela formação de Di Maio por ter no currículo uma condenação por corrupção.
Durante a tarde de sexta-feira (23), Salvini ordenou aos seus deputados que votassem em outro nome da Força Itália, de Berlusconi. Foi o suficiente para Berlusconi gritar “traição” e o “fim da unidade da direita”, denunciando o “projeto para um governo Liga-M5S”. O embate foi resolvido mais tarde. A eleita acabou sendo Maria Elisabetta Alberti Casellati, primeira mulher a presidir o Senado italiano, o que gerou um aplauso de todas as bancadas, inclusive a do Partido Democrático (PD), que teve seu pior resultado nas eleições do dia 4 de março.
A votação de sábado (23), que colocou um político do 5 Estrelas a cargo da Câmara dos Deputados e um veterano da centro-direita no comando do Senado, desencadeou rumores de que os dois blocos podem ir adiante e tentar forjar uma coalizão.
Tal perspectiva parecia quase impossível um mês atrás, já que a Liga e seus aliados conservadores tinham diferenças profundas com o 5 Estrelas tanto em termos de políticas quanto de personalidades.
Mas como a eleição de 4 de março na Itália resultou em um Parlamento sem maioria, partidos a princípio incompatíveis estão cogitando várias opções para superar o impasse, e o presidente Sergio Mattarella se prepara para iniciar negociações formais na próxima semana.
Desta forma percebe-se o cenário preocupante da política italiana: o novo líder e moderador para formação de um governo acaba sendo Matteo Salvini, da Liga, partido de extrema-direita e xenófobo.
Em uma entrevista à rede Telelombardia, Salvini disse que apresentará 10 prioridades para o próximo governo, entre elas reformar o sistema de Justiça, conter a imigração e descartar uma reforma previdenciária recente que postergou as idades para aposentadoria.