Ocorre que o conceito tem distintas interpretações aqui e em Washington.
Desnuclearização significa para a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) pôr fim ao seu programa de desenvolvimento de armas nucleares e avançar dessa maneira até alcançar a paz em toda a península coreana.
Pyongyang nunca expressou que destruirá a maior e mais letal espada defensiva e persuasiva conquistada em aproximadamente 70 anos de construção do socialismo.
Tal ideia está sublinhada no texto do comunicado conjunto divulgado por Pyongyang e Seul, em Panmunjom, em dia 27 de abril, depois da reunião entre Kim e seu homólogo sul-coreano Moon Jae-in.
Também ficou confirmada recentemente, quando em outra ação de transparência total em sua atual audaz ofensiva de paz, a RPDC anunciou que entre os próximos dias 23 e 25 de maio ficará cancelado o campo de prova nuclear situado em um afastado vale montanhoso e desabitado do norte do país.
Tal acontecimento, impensado por prestidigitador algum em dezembro de 2017, poderá ser verificado pela imprensa estrangeira credenciada nesta capital.
No entanto, desnuclearização significa outra coisa para Washington.
Os Estados Unidos entendem que o mencionado verbo quer dizer desfazer-se das armas nucleares, desmantelá-las e transportá-las até o principal centro de pesquisa nuclear de Oak Ridge, Tennessee, em solo estadunidense.
Implicando também que a RPDC desbarate, destrua até cada parafuso de sua instalação de urânio.
Desnuclearização completa, verificável e irreversível, exigem os EUA por intermediário de seu secretário de Estado, Mike Pompeo, encarregado por parte do presidente Trump dos preparativos da ainda possível reunião RPDC-EUA.
Pompeo, que visitou há alguns dias esta capital pela segunda vez em menos de um mês, reconheceu este fim de semana que o governante Kim não se comprometeu com o conceito de desnuclearização que tem Washington.
E tal posição é óbvia, a história da humanidade demonstra com fatos contundentes o caráter, a filosofia guerreirista, expansionista e de conquista do imperialismo norte-americano.
Desnuclearizar-se 'à la americana' não é uma opção vislumbrada pela RPDC nem de longe.
A reunião prevista para a segunda terça-feira do próximo mês de junho em Singapura, entre Kim e seu homólogo estadunidense Donald Trump, está próxima, mas também distante pelas diferentes interpretações de desnuclearizar.