A legenda anti-imigração Partido Democrático Esloveno (SDS) conquistou a maior parte dos assentos, mas sem conseguir uma maioria parlamentar. O presidente esloveno, Borut Pahor, irá se reunir ainda nesta semana com o líder do SDS, Janez Jansa, que recebeu o maior número de votos na eleição de domingo (4), informou uma porta-voz presidencial. Jansa centrou sua campanha no discurso contra a imigração.
Opositor do sistema de cotas desenhado pela Comissão Europeia para que todos os Estados-membros acolhessem alguns dos refugiados que desde 2015 chegaram na Grécia e na Itália, o SDS quer gastar o dinheiro que seria usado nesse processo para investir nas forças de segurança do Estado.
Poucos dias depois da formação do governo da Itália, liderado por um partido de extrema-direita, nacionalista e fortemente anti-imigração, a Liga, de Matteo Salvini, as semelhanças de seu discurso com o de Jansa ficam óbvios. “Acreditamos que hoje se deu o primeiro passo para que a Eslovênia se torne um país que ponha o bem-estar e a segurança dos eslovenos em primeiro lugar”, afirmou Jansa.
“Italianos primeiro”, foi o slogan com que Salvini se tornou no líder da direita italiana, depois de uma campanha centrada na violência e na insegurança que o dirigente atribui aos imigrantes. Desde o dia primeiro de junho, Salvini é o vice-presidente do governo e ministro do Interior.
Com as últimas eleições, a Eslovênia, um país membro da União Europeia desde 2004 que adotou o euro como moeda a partir de 2007, pode se alinhar politicamente à Hungria, que reelegeu o populista de direita Viktor Orbán como primeiro-ministro em abril, e a Áustria, em que um partido de extrema-direita surgiu como uma poderosa força política. Jansa já se aproximou pessoalmente de Orbán.
Mas ainda que o partido de Janez Jansa tenha vencido as eleições, ele pode ter dificuldades em formar governo, uma vez que a maioria dos líderes partidários rejeitou a possibilidade de coalizão — o que dá força à hipótese de um período de incerteza e a convocação de novas eleições.
Desde a independência da Iugoslávia comunista em 1991, a política na Eslovênia tem tido uma tendência conservadora, mas partidos de centro e esquerda dominaram as coalizões de governo na maior parte das vezes. A mudança para o espectro populista acontece desde a crise migratória de 2015 e 2016, embora essa alteração não tenha sido tão forte quanto na vizinha Itália, em que um governo antissistema foi empossado na semana passada.