Acompanham as demonstrações e ocupações ilegais de prédios do governo, nos dois casos, ataques criminosos brutais contra a polícia e outras forças do estado [sírio e ucraniano]. Na Síria a parte 'muscular' violenta foi obra de jihadistas alugados a estrangeiros; na Ucrânia, usam-se gangues neonazistas. As manifestações de rua e os ataques ao estado são planejados e articulados. Nada há de 'pacífico' nas manifestações de rua, que não passam de cobertura para ataques contra o estado. Mas políticos e os veículos da mídia-empresa de outros países imediatamente se põem a manifestar 'preocupações' e ameaças contra as respostas – rigorosamente normais – do estado atacado contra os 'ativistas'. Não passam de cobertura para encobrir e justificar o 'apoio' do 'ocidente' aos manifestantes alugados e ao aprofundamento da violência.
O objetivo é 'mudar regimes' de governos legítimos, por ação ilegal de pequenas minorias. Se acontece de o regime atacado resistir à tentativa de golpe, aceita-se como possibilidade a total destruição do estado e de toda a sociedade.
Depois disso, assistimos a operações similares, sempre obra da CIA, na Venezuela e mais recentemente na Nicarágua. O mesmo conceito é usado também para atacar o Irã. Em dezembro, protestos pacíficos contra a situação econômica foram ocupados e sequestrados por elementos violentos. Ontem [30/06] à noite houve outra tentativa desse tipo:
Sayed Mousavi @SayedMousavi7 - 22:17 UTC - 30 Jun 2018
Protestos contra o racionamento de água em Khoramshar tornaram-se violentos ontem à noite. O que sabemos:
- Pelo menos dois manifestantes atacados a tiros, possivelmente por chegarem perto demais de zonas militares
- Agitadores puseram fogo em dois museus (notícias)
- 1 hora de calma
- Nenhuma base foi invadida (como 'noticiaram' jornais que fazem oposição ao regime)
- Suspeita-se de um motociclista armado.
A cena com o "motociclista armado" no vídeo atachado ao tuíto acima pode ser vista com mais clareza noutro vídeo. Mostra dois "manifestantes pacíficos" numa motocicleta atirando contra policiais com uma arma automática. O atirador é atingido e cai. Outro "manifestante pacífico" toma a arma e continua a atirar. (Foto)
Há um ano, a CIA criou um novo centro de missão, para atacar o Irã:
O Centro Missão Irã reunirá analistas, pessoal operacional e especialistas de toda a CIA que mobilizará todas as capacidades da agência, inclusive ação clandestina
....
Para comandar o novo grupo, Mr. Pompeo escolheu um veterano agente de inteligência, Michael D’Andrea, que recentemente supervisionou o programa de ataques de ataques letais com drones (...)
Mr. D’Andrea, ex-diretor do Centro de Contraterrorismo da CIA, é visto na agência como chefe exigente mais efetivo, convertido ao Islamismo e capaz de trabalhar por longas horas. Outros funcionários norte-americanos manifestaram preocupação com atitudes de D'Andrea, que veem como posição super agressiva contra o Irã.
No Irã, os EUA estão usando agentes do Mujahedin-e-Khalq (MEK), um grupo de culto ao terror que combateu com o Iraque de Saddam contra o Irã e é desprezado pelo povo iraniano. Quando os EUA foram expulsos do Iraque, transferiram os acampamentos do MEK, do Iraque para a Albânia, onde o culto está agora treinando seus terroristas.
Ontem [30/06], aconteceu em Paris uma conferência do Conselho Nacional Iraniano de Resistência [ing. National Council of Resistance of Iran (NCRI)], guarda-chuva para vários grupos políticos controlados pelo MEK. Um dos conferencistas regiamente remunerados foi Rudi Giuliani, advogado de Donald Trump.
Giuliani reconheceu o envolvimento dos EUA nos protestos no Irã:
"Aqueles protestos [no Irã] não estão acontecendo espontaneamente. Estão acontecendo por ação de muitos dos nossos na Albânia e muitos aqui e por todo o mundo."
O MEK é apenas grupo de fachada, treinado pelo Mossad e financiado com dinheiro norte-americano e saudita. Não é apoiado pelo povo do Irã. De fato, apenas metade dos presentes à conferência em Paris eram iranianos:
A outra metade era formada de sortimento variado de poloneses, tchecos, eslovacos, alemães e sírios com ar de tédio, que responderam a uma campanha por Facebook que prometia passagem, comida e acomodações em Paris por módicos €25.
Esses protestos para mudança de regime "por revolução colorida à força" são apenas uma das ferramentas que os EUA estão usando para destruir o Irã.
Trump quer pôr fim às exportações de petróleo, para reduzir o Irã a uma situação de indigência, sem moedas estrangeiras. Os principais compradores do Irã são Europa, Índia e China. As grandes petroleiras europeias já se ajoelharam sob a pressão de Trump; depois foi aÍndia; e a China ainda não decidiu se deseja assumir posição difícil, que pode lhe custar (muito) caro. Trump está pressionando a Arábia Saudita para aumentar a produção de petróleo e assim substituir o petróleo iraniano que deixe de chegar ao mercado mundial.
Levar os iranianos à miséria visa a provocar um levante popular e a mudança de regime. Mas é muito pouco provável que funcione.
A identidade da República Islâmica é força poderosa. O mais provável é que o povo iraniano una-se mais e mais, e enfrente os tempos de dificuldades, enquanto ações assimétricas iranianas operam para lentamente minar, até destruir, as políticas norte-americanas. E os portos sauditas de embarque de petróleo são alvos bastante vulneráveis...
Dentro do governo Trump, o secretário de Estado Pompeo e o Conselheiro John Bolton de Segurança Nacional são os maiores pregadores da mudança de regime em Teerã:
Bolton vê as manifestações que começaram no Irã em meses recentes, contra o estado da economia do país, como indicação de que o regime é fraco. Disse a Trump que aumentar mais e mais a pressão norte-americana pode levar ao colapso do regime.
Alguém que conversou recentemente com altos funcionários da Casa Branca sobre o assunto resumiu em poucas palavras a visão de Bolton: "Um pequeno empurrão e eles desabam".
Há quem garanta que o secretário de Defesa Mattis opõe-se à mudança de regime no Irã. Mattis teme que tal movimento leve a uma guerra ainda maior no Oriente Médio; mas que Trump logo o demitirá. Sheldon Adelson, o bilionário sionista que financiou a campanha de Trump, pagou Bolton e apoia Netanyahu vive muito próximo de Trump, que o ouve muito. E Adelson exige mudança de regime no Irã, custe o que custar.
A mudança de regime no Irã não é projeto só do governo Trump. O apoio aos doidos do MEK é suprapartidário. Vários Democratas,inclusive Nancy Pelosi, também falaram na conferência do MEK em Paris. Os lunáticos neoliberais neoconservadores estão instalados nos dois partidos. Eis o que diz o embaixador de Obama na Rússia, que já tentou e já fracassou na operação de mudar o regime iraniano:
Michael McFaul @McFaul - 18:21 UTC - 30 Jun 2018
Um Irã democrático livraria os iranianos de uma teocracia repressora e, além disso, produziria laços mais próximos entre nossos países; benefícios morais e segurança real e econômica para ambos, iranianos e norte-americanos.
O pai dos neoliberais neoconservadores respondeu e retuitou:
Bill Kristol @BillKristol - 18:29 UTC - 30 Jun 2018
Bill Kristol Retweeted Michael McFaulPura verdade. Sensacional ver que há consenso bipartidário quanto à mudança de regime no Irã (Seria uma feliz ironia se, totalmente por coincidência, sanções duras aplicadas nos termos do [acordo nuclear] JCPOA seguidas por nos separarmos daquele acordo, causassem tal tumulto, que o regime viesse abaixo.)
Não há dúvidas de que os EUA serão recebidos com doces e flores em Teerã (só que não). Os tais "benefícios morais" não passam de sandice e já levaram à guerra no Iraque – puro desastre, de onde os EUA foram expulsos sob vergonha. O Irã é país várias vezes maior. Tem economia ativa e moderna, tem forças de defesa efetivas e aliados poderosos. Qualquer tentativa de derrotar militarmente o Irã já é, desde já, empreitada fracassada.
Os EUA só têm aliados fracos no Oriente Médio. No caso de um conflito com o Irã realmente esquentar, os EUA – não o Irã – já terão trabalho suficiente para tentar salvar da ruína os próprios aliados, além dos próprios EUA.
Por enquanto, se deve esperar mais protestos, que continuarão a ser sequestrados, numa tentativa para inventar uma "revolução". Haverá ataques de agentes locais dirigidos pelos EUA (forças curdas e do Baloquistão) nas fronteiras do Irã. A pressão econômica dentro do Irã continuará a aumentar.
Mas todos esses esforços fracassarão. Desde 1979, ano da revolução islamista iraniana, todas as tentativas dos EUA para ferir o Irã ou qualquer dos aliados do Irã levou a resultado precisamente oposto aos planos dos norte-americanos. E cada vez o Irã emergiu mais forte e mais coeso. Todas as probabilidades indicam que a nova tentativa de golpe, hoje em curso, terá o mesmo resultado.