Dois autores, Giovanni Federico e Antonio Tena-Junguito apresentaram alguns documentos acerca de tendências descobertas nesses dados .
Suas principais conclusões são que o comércio cresceu muito rapidamente no "longo século XIX" de Waterloo até à I Guerra Mundial, recuperou-se do choque do período da guerra na década de 1920 e entrou em colapso em cerca de um terço durante a Grande Depressão. Ele cresceu a uma velocidade precipitada na Era Dourada das décadas de 1950 e 1960 e mais uma vez, após um arrefecimento devido à crise petrolífera, desde a década de 1970 até o estalar da Grande Recessão em 2007. O efeito desta última sobre o crescimento do comércio é considerável mas quase desprezível se comparado com o efeito conjunto das duas guerras mundiais e da Grande Depressão. "Contudo, o efeito pode tornar-se cada vez mais comparável se a actual estagnação do comércio continuar".
Os dados mostram que houve dois períodos principais de "globalização", se quiser. A primeira foi de 1830-70 quando o rácio exportação / PIB, uma medida de abertura no comércio, ascendeu. A segunda foi de meados da década de 1970 até 2007 – o grande período de globalização do século XX. Segundo os dados, o actual nível de abertura ao comércio é sem precedentes na história. O rácio exportações / PIB no seu pico de 2007 foi substancialmente superior ao de 1913.
Houve dois períodos de estagnação ou declínio na expansão do comércio global: durante a depressão do final do século XIX até o início da Primeira Guerra Mundial e depois na Grande Depressão dos anos 1930. Na verdade, "a abertura entrou em colapso durante a Grande Depressão, remontando aos meados do século XIX".
Agora, parece que estamos em outro período baixo em termos de globalização e comércio. "Desde 2007, o crescimento aparentemente incontrolável do comércio mundial chegou a um impasse e a abertura da economia mundial tem estado estagnada ou mesmo em declínio. A recente perspectiva de uma guerra comercial está a fomentar o pessimismo quanto ao futuro. Algumas pessoas estão a insinuar uma repetição da Grande Depressão ”, concluem os autores.
Como seria de esperar, a ascensão do capitalismo industrial a nível global significou que a quota de produtos agrícolas e minerais no total das exportações diminuiu tanto para os países capitalistas avançados (imperialistas) como (de forma interessante) para as economias periféricas (coloniais). A parcela de produtos primários caiu de cerca de 65% na década de 1820 para pouco mais de 55% na véspera da Primeira Guerra Mundial, com uma aceleração da tendência por volta de 1860 (com o crescimento da industrialização).
A grande alteração foi a mudança da América de exportador de produtos agrícolas para um gigante industrial no século XX. O crescimento contínuo do comércio industrial e de serviços na globalização do final do século XX foi, por sua vez, liderado pela transformação da China de economia agrícola camponesa pobre na oficina manufactureira do mundo (e com tecnologia cada vez mais alta).
Quota de produtos primários nas exportações,
série de referência, 1820-1939
Os dados em geral confirmam meu próprio estudo da globalização e do imperialismo apresentado recentemente.
Na minha tese, argumento que a globalização e o comércio acrescido são respostas do capitalismo à queda da lucratividade e à depressão num período anterior. A globalização do comércio e do capital arrancou sempre que a rentabilidade do capital caía nos centros imperialistas.
Taxa de lucro nos EUA (%), globalização e rivalidade imperialista
Entre 1832-48, a lucratividade do capital nas principais economias caiu; após o que houve uma expansão da globalização a fim de aumentar a lucratividade (1850-70). No entanto, uma nova queda na lucratividade levou à primeira depressão do final do século XIX (1870-90), durante a qual o proteccionismo aumentou e os fluxos de capital contraíram-se. Com a recuperação económica após 1890, a rivalidade imperialista intensificou-se, levando à Grande Guerra de 1914-18.
Mais uma vez, após as derrotas de várias lutas trabalhistas após 1945 na Europa, no Japão e nos territórios coloniais, o capitalismo entrou numa nova "idade de ouro" de crescimento relativamente rápido e lucratividade crescente. A globalização do comércio (redução de tarifas e proteccionismo) e do capital (economias lideradas pelo dólar e instituições internacionais) reviveram, até que a lucratividade tornou a cair na década de 1970. Os anos 1970 assistiram a um enfraquecimento da liberalização do comércio e dos fluxos de capital. A partir dos anos 80, no entanto, o capitalismo assistiu a uma nova expansão da globalização do comércio e do capital para restaurar a lucratividade.
O princípio do século XXI pôs fim a essa onda de globalização. A lucratividade nas principais economias imperialistas atingiu o pico no início dos anos 2000 e depois de a explosão alimentada pelo crédito de curto prazo ter estourado em 2007, entraram na Grande Recessão, a qual foi seguida por uma nova longa depressão. Tal como no do final do século XXI, isso levou ao fim da globalização. O crescimento do comércio mundial agora não é mais rápido do que o crescimento da produção mundial, ou mesmo mais lento.
Assim, o factor que contrabalanço a baixa lucratividade proporcionada pelas exportações, pelo comércio e pelo crédito desapareceu. Isto ameaça a hegemonia do imperialismo dos EUA, já em relativo declínio frente a novas potências ambiciosas como a China, Índia e Rússia. Com o presidente dos EUA, Trump, lançando agora sua tentativa de colocar os EUA outra vez no assento condutor do comércio internacional, a rivalidade renovada ameaça desencadear grandes conflitos na próxima década.