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Diário Liberdade
Segunda, 05 Novembro 2018 05:38 Última modificação em Sexta, 16 Novembro 2018 13:02

A encruzilhada da Palestina, enquanto Washington põe a guerra e Israel as armas

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País: Palestina / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Granma

[Elson Concepción Pérez] Comecemos por uma afirmação: a questão do Estado palestino e sua população não será resolvida enquanto os Estados Unidos apoiem Israel. Ou o que é o mesmo, só será resolvida no dia em que um presidente da Casa Branca estiver pronto para resolvê-lo.

Não tem que ser cartomante ou um estudioso. Todo dia que passa é mais claro para a comunidade internacional: Israel é um apêndice do que Washington diga e faça, seja qual for o presidente.
Israel precisa de Washington e acomoda-o em sua política de guerras no Oriente Médio. E Washington é vital para Tel Aviv porque fornece as armas e o apoio internacional.

Se não fosse assim, como se explicaria que Washington entregue mais de US$3 bilhões por ano a Israel, além de fornecer as armas mais sofisticadas e não permitir que seja condenado ou, pelo menos, exija que acabe com o genocídio que comete contra a população palestina?

Houve vários planos de paz patrocinados por Washington que, de uma forma desavergonhada, seu patrocinador não cumpriu. Os mapas de estradas já murcharam e em nenhum caso a paz foi respirada.

Como é possível que Tel Aviv, além de ocupar os territórios palestinos, construa neles, ilegalmente, milhares de assentamentos para povoá-los com judeus, enquanto a população nativa não tem permissão para fazer suas casas e muito menos que retornem vários milhões de palestinos que vivem na diáspora expulsos pelas autoridades israelenses?

De onde sai a exigência norte-americana para que a República Popular Democrática da Coreia seja desnuclearizada, ou o Irã, para que não continue seu desenvolvimento nuclear, quando Israel, ilegalmente e sem permitir qualquer monitoramento da Agência Internacional de Energia Atômica, tenha instalações nucleares, mais de 200 ogivas prontas para serem lançadas a qualquer país vizinho e arrogantemente ameaça com isso?

Que ninguém se engane e muito menos com o personagem agora instalado na Casa Branca. Não haverá paz na Palestina ou na região do Oriente Médio enquanto Washington mantiver sua política imperial e Israel cumprir o papel de ponta de lança no qual se apoia o Pentágono para contribuir para a desestabilização da área, através das agressões militares.

FECHAMENTO DE ESCRITÓRIOS DE OLP EM WASHINGTON
Nesse processo antipaz liderado por Washington, a últimas das decisões de Donald Trump foi fechar os escritórios da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que existiram nos Estados Unidos sob a proteção do país sede da ONU, que não deve obstruir o funcionamento de nenhum Estado-membro ou observador, de qualquer dependência ou representação perante as Nações Unidas.

Mas para Trump pouco importa a ONU e seus regulamentos, muito menos os compromissos internacionais que assinaram outras administrações dos EUA.

Os Estados Unidos tinham assinado o Acordo de Paris sobre mudança climática e Trump jogou no lixo desafiante. O mesmo fez com o Acordo Nuclear com o Irã ― uma das maiores conquistas da diplomacia internacional na última década ― jogado no lixo pelo magnata-presidente. Para piorar a situação, há apenas uma semana, aboliu a contribuição do seu país para a Agência da ONU para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), o que deixou desabrigados mais de cinco milhões de cidadãos, a maioria deles crianças.

Então, o que pode importar-lhe um escritório da OLP? Como também não se importa com que as crianças palestinas não tenham remédios ou morram por falta delas, ou por falta de comida e de escolas. Também não se importa com que um dia o seu patrocinado Israel use seu arsenal nuclear, em um ataque que poderia desencadear a terceira e talvez última conflagração mundial.

O gatilho que pode provocar o «inverno nuclear« sobre o qual Fidel Castro alertou mais de uma vez, infelizmente, é de propriedade do ocupante da Casa Branca e do premiê israelense.

No contexto do fechamento dos escritórios palestinos e da contribuição monetária para os refugiados, outro mecanismo da ONU contra o qual Trump alinhou suas armas aparece: o Tribunal Penal Internacional.

O jornal The New York Times refere que o governo dos Estados Unidos declarou a guerra ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que considera «ilegítimo» e diz que vai proibir a entrada no território estadunidense de juízes e procuradores desse tribunal. Tudo porque o governo palestino denunciou perante este Tribunal as ações de genocídio realizadas por Israel contra sua população.

Vale lembrar que tanto os Estados Unidos quanto Israel não ratificaram o tratado fundamental deste Tribunal.

O chanceler libanês, Gebran Bassil, citado pela televisora árabe Al Mayadeen, durante uma reunião de emergência de chanceleres árabes no Cairo, Egito, denunciou que «a causa palestina continua deteriorando-se com as recentes medidas tomadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o silêncio cúmplice de muitos países do mundo árabe».

Quando se completam 25 anos daquela chama de paz que foram os Acordos de Oslo, hoje ― de acordo com a Frente Popular para a Libertação da Palestina ― «o que resta de Oslo é o pior de tudo».

Isso é demonstrado nos últimos 25 anos pelo número de colonos judeus instalados em território palestino ocupado que triplicou, e agora é de 650 mil, e também as autoridades e, especialmente, o exército israelense controlam completamente a maioria do que a comunidade internacional reconhece como Estado Palestino.

E se algo faltava para matar o que reste das muitas iniciativas para a paz na região, disso se encarregou o atual presidente norte-americano, que fez o que ninguém antes: transferiu a embaixada de seu país para Jerusalém, demolindo qualquer acordo anterior antes de que essa cidade santa fosse capital dos dois Estados, Israel e a Palestina.

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