A votaçom contra a continuidade do Reino Unido na Uniom Europeia confirma o crescimento da oposiçom a esse espaço de integraçom capitalista, o que pode supor o esgotamento do que até há pouco era um dos principais polos de acumulaçom mundiais, em plena crise global capitalista. Todo indica que assistimos à versom institucional de um enfraquecimento económico do imperialismo europeu, subsidiário do norte-americano, verdadeiro pai da Uniom Europeia.
Certamente, o peso da extrema-direita xenófoba na campanha pola saída da UE contraria os ideais anti-imperialistas e socialistas que sempre denunciárom a natureza reacionária da Uniom Europeia. A perda de controlo, por parte do próprio imperialismo, de um setor da burguesia formado no ódio ao estrangeiro e na legitimidade das guerras de agressom e espólio imperialista, explica o protagonismo crescente dessa extrema-direita que aspira a representar "melhor" os interesses do grande capital.
Mais de 14 milhons de votos impugérom-se no referendo desta quinta-feira aos 13 milhons que apoiavam a permanência británica na Uniom Europeia.
Efeitos previsíveis
Também é claro que o xenófobo Nigel Farage, líder do Partido pola Independência do Reino Unido (UKIP) sai reforçado do referendo, mas também as naçons sem Estado, legitimadas para reclamarem novos referendos, até porque nos seus territórios venceu a permanência (nomeadamente a Escócia e a Irlanda do Norte). Inclusive no Estado espanhol poderám surgir novos argumentos imediatos em prol do direito da Catalunha à independência.
Entretanto, o primeiro efeito imediato do referendo já foi o anúncio de renúncia do primeiro-ministro británico, David Cameron. A seguinte deverá ser a parálise em que previsivelmente entrará o TTIP, projeto de macro mercado europeu-norte-americano ao serviço do grande capital, com atribuiçons por cima dos estados afetados.
A contraditória situaçom aberta pola vitória do Brexit expressa-se já numha queda forte dos mercados internacionais, com destaque para a queda da libra como divisa. Ao que todo indica, assistimos à desintegraçom da Uniom Europeia, com a Alemanha a tomar conta ainda mais do seu leme e uns equilíbrios interimperialistas quebrados, o que pode originar um efeito dominó.
Haverá que comprovar se a esquerda reage e se rearma na denúncia simultánea da Uniom Europeia imperialista e dos chauvinismos neofascistas que aspiram a hegemonizar a crise terminal do capitalismo na Europa.
Mais do que nunca, a saída será revolucionária ou nom será. A ameaça do capitalismo decadente é de um retrocesso civilizatório cujos primeiros passos já estamos a percorrer nos últimos anos.