Em uma nova jornada de luta contra a reforma trabalhista do governo de Hollande, milhares de trabalhadores e estudantes saíram às ruas nas principais cidades .
Os portuários da cidade de Le Havre, conhecida como a "capital da greve", voltaram a estar na cabeça de uma poderosa e enorme manifestação com mais de 20.000 pessoas.
Em París, uma multidão voltava a se reunir para marchar num circuito que foi acordado no dia anterior entre as direções sindicais e o governo, depois da tentativa falida das autoridades de proibir a manifestação.
Porém, a polícia saturou as ruas de París para tentar intimidar os manifestantes ao longo do percurso.
Segundo a agência Efe, a polícia havia detido umas 95 pessoas em torno à manifestação organizada no centro de París, por "levar objetos que podiam ser utilizados em eventuais confrontos, informou a prefeitura".
Esta é parte da política de intimidação e repressão coordenada entre o governo e a polícia, que já deteve a mais de 1.800 manifestantes desde que começaram as manifestações contra a reforma trabalhista.
O dispositivo de segurança teve uma dimensão inédita, com mais de 2.100 policiais infiltrados, entre eles várias dezenas vestidos de civil para passarem desapercebidos.
O primeiro ministro francês, Manuel Valls, que nos últimos dias havia reiterado sua ameaça de proibir a manifestação com o argumento de que não se repetirá a violência do passado dia 14, teve que ceder ante a pressão social e permitir as marchas desta quinta-feira. Porém, apontou contra os grupos de "extrema esquerda" como os responsáveis da "violência".
Com um governo debilitado, que fracassou em manter posição no Congresso para passar a lei de trabalho, Valls trata a questão tratando de negociar modificações na reforma trabalhista com as direções sindicais, enquanto aponta aos setores que estão na vanguarda da luta como "violentos", buscando isolá-los.
Trata-se da mesma política que teve o governo até agora de acusar os estudantes de baderneiros e os grevistas de sabotadores. O objetivo do governo é tentar separar os estudiantes, os trabalhadores e a esquerda para atacá-los um a um e debilitar a luta. Porém esta política não há mostrado "bons resultados", senão que há aumentado as mostras de solidariedade entre os diferentes setores em luta.
Entretanto, as ruas da França voltaram a falar nesta quinta-feira, e disseram bem forte "abaixo a reforma trabalhista" de Hollande-Valls.