Há cerca de duas semanas, começou a época da colheita do trigo e da cevada no Nordeste da Síria, que, segundo a agência SANA, parecia ser «prometedora». Contudo, uma onda de incêndios consumiu uma enorme área plantada nas províncias Hasaka e Deir ez-Zor, apesar das medidas entretanto tomadas para tentar controlar estes fogos. Só em Hasaka, o Departamento de Agricultura local estima que as perdas de trigo e cevada atinjam as 18 mil toneladas, tendo em conta a terra cultivada.
Rajab al-Salameh, funcionário do departamento referido, disse à SANA que as altas temperaturas que se verificam na região não são «um fenónemo estranho» na província; o que é «inédito» é este tipo de fogos, sublinhou.
Por seu lado, a população acusou milícias curdas que integram as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos, de terem «ateado o fogo», no contexto de «uma política de pressão» sobre os agricultores, para os impedir de entregar as suas colheitas nos centros do governo.
De acordo com a agência estatal síria, a situação que os agricultores enfrentam na província de Deir ez-Zor não é muito diferente da dos de Hasaka, sobretudo em áreas sob controlo das milícias curdas. Também aqui a população acusa directamente as FDS, bem como células adormecidas do Daesh – o chamado Estado Islâmico –, de atearem o fogo aos campos cultivados.
Abu Mohammad, habitante da cidade de Sour, no Norte da província de Deir ez-Zor, disse à SANA que os fogos foram ateados em muitas áreas da província, tendo destruído centenas de hectares de campos de trigo e de cevada. Acrescentou que, com este procedimento, as milícias curdas visam punir as famílias que se recusam a negociar com elas ou a obedecer às suas ordens.
Outros habitantes da província do Leste do país afirmaram que as FDS estão a incendiar os campos para impedir os agricultores de tirarem proveito do seu trabalho, porque estes se recusaram a vender as colheitas à milícia curda e porque esta pretende forçar os agricultores a alistarem-se nas suas fileiras.
Abu Mukhlef, um agricultor da aldeia de al-Hussan, no Noroeste da província de Deir ez-Zor, afirmou que, ali, a maior parte dos incêndios teve origem intencional e foi ateada por células adormecidas do grupo terrorista Daesh, que assim procura causar o máximo de danos aos agricultores que se negaram a segui-los.