As tropas turcas e do chamado Exército Nacional Sírio, apoiado por Ancara, retomaram esta quinta-feira a ofensiva contra o Norte da Síria, atacando várias aldeias a leste de Ras al-Ain, na província de Hasaka.
Um jornalista da agência SANA revelou que, em resultado da ofensiva turca, cinco civis foram mortos e nove ficaram feridos em Ras al-Ain, e acrescentou que tropas do Exército turco começaram a remover o muro fronteiriço perto da aldeia de Tal Halaf.
De acordo com a mesma fonte, há informações sobre uma incursão terrestre turca nas aldeias de al-Yabisah, al-Munbateh, al-Haweiyeh e Beir Ashiq, na região de Tal Abyad, no Norte da província de Raqqa.
Ontem, primeiro dia da ofensiva, a agência SANA informou que foram mortos oito civis, entre os quais três mulheres e uma criança, e que 20 ficaram feridos, na sequência dos intensos bombardeamentos da artilharia e da aviação turcas contra localidades no Nordeste do país, na província de Hasaka.
Registaram-se ainda grandes danos e destruição em barragens, e infra-estruturas de produção de electricidade e captação de água. A este respeito o diário Al-Watan revela que foi bombardeada a barragem de Mansoura, perto da cidade de Malkieh, que garante o abastecimento de água potável a cerca de dois milhões de pessoas na região Nordeste da Síria, refere a Prensa Latina.
«Ambições expansionistas do regime de Erdogan»
Depois de, no domingo e na segunda-feira, a Casa Branca ter deixado claro que as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), maioritariamente curdas e até então apoiadas (utilizadas) por Washington, iam ficar por sua própria conta, esta quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, decretou o início da operação militar «Fonte de Paz» no Norte da Síria.
Esta visa alegadamente atingir as Unidades de Protecção Popular (YPG) curdas, que integram as FDS e são vistas por Ancara como um prolongamento (terrorista) em território sírio do braço armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), igualmente considerado terrorista pela Turquia.
De acordo com a RT, em resposta à ofensiva turca, as milícias curdas lançaram morteiros contra algumas cidades turcas fronteiriças e terão solicitado aos EUA a criação de uma zona de exclusão de áerea.
Numa declaração emitida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o governo sírio condenou energicamente o «comportamento agressivo do regime de Erdogan», que «mostra claramente as suas ambições expansionistas no território da República Árabe da Síria».
A diplomacia síria, que classificou esta conduta como «injustificável», reafirmou a «inviolabilidade, a soberania e a unidade do seu território», bem como «a determinação de enfrentar a agressão turca por todos os meios legítimos».
Responsabilizou ainda pela actual situação algumas «organizações curdas», «devido à sua dependência do projecto norte-americano», e pediu-lhes que «deixem de ser instrumentos ao serviço da política hostil dos Estados Unidos na agressão contra a Síria».