Os países dos BRICS – o Brasil, a Rússia, China, Índia e África do Sul – já são atores sérios na economia global. Consequentemente, o dólar está sob pressão. As consequências geopolíticas desse fato podem ser dramáticas.
Na opinião do especialista, os países BRICS possuem um grande potencial em termos de recursos humanos e naturais, mas a maior parte deste potencial é usado não por estes países, mas por grandes consórcios que retiram as receitas das commodities para fora do país. O interesse principal das grandes corporações internacionais é ter mão-de-obra barata.
"O problema principal é que o lucro, passando através destes consórcios, volta para os países desenvolvidos. Isso significa que o potencial destes países está todos os dias sendo sugado", explicou Wolff.
Quanto à economia chinesa, o especialista concorda que é impressionante, mas afirma que é difícil compará-la com outras.
"Agora a China é o maior parceiro comercial de 170 países. Em comparação, os EUA são o maior parceiro somente de 70 países. Mas a China está dependente das exportações. O que é também importante é que o crescimento de sua economia depende completamente de créditos. E o nível da economia de créditos na China é mais duvidoso que o nosso. Além disso, a China sofre de muitas lacunas, por exemplo, no mercado imobiliário <...>", disse ele en entrevista à Sputnik Alemanha.
Apesar de tudo isso, disse o especialista alemão, nos últimos anos a China provavelmente atingiu os EUA em termos de poder econômico.
Segundo Wolff, a economia da Rússia está no caminho de recuperação. A situação russa é melhor que no Brasil ou África do Sul. O preço do petróleo é muito importante para a Rússia.
"O que é também importante para a Rússia é que realiza uma política externa ponderada, intensifica as relações comerciais com a China e outros países. Graças a tudo isso, a sua posição nos mercados melhorou muito", destacou o economista.
Na opinião de Wolff, o Brasil está passando pela pior crise econômica nos últimos 100 anos.
"O país está em recessão já por três anos, os salários estão caindo, o desemprego é de 11%. Todos estes problemas sociais não surgiram do nada. Graças à Olimpíada, a realidade social está um pouco suavizada. A realidade que está por trás disso no Brasil não parece ser boa", afirmou.
Quanto ao Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, o especialista em finanças sublinhou que a entidade começa a ganhar peso na economia mundial e que os norte-americanos já estão insatisfeitos com isso.
"O problema é que o Novo Banco de Desenvolvimento funciona no sistema do dólar. Há que lembrar que o sistema financeiro mundial é o sistema do dólar. A única organização em todo o mundo que tem o direito de imprimir dólares é o Banco de Reserva Federal dos Estados Unidos. Durante os últimos anos os norte-americanos conseguiram submeter todo o mundo".
Wolff explicou que a criação de outro sistema financeiro é o pior pesadelo dos EUA e eles por isso tentam evitar que isso aconteça. Os norte-americanos fazem tudo preservar o seu sistema.
"Houve algumas tentativas de sair fora deste sistema e elas acabaram em derramamento de sangue. Saddam Hussein, por exemplo, queria vender o petróleo não em dólares mas em euros. Muammar Kadhafi queria introduzir uma moeda coberta por reservas de ouro. Isso levou o que ambos já não estejam entre os vivos", disse Wolff.
Além disso, o especialista comentou os progressos em relações russo-turcas. No encontro em São Petersburgo, disse Wolff, os dois líderes acordaram realizar comércio em rublos e liras. É um tipo de declaração de guerra contra os EUA parecida com a de Hussein e Kadhafi. As consequências devem ser interessantes, concluiu o especialista alemão.