A expressão "teoria da conspiração" foi inventada e posta a circular no discurso público pela CIA, em 1964, a fim de desacreditar os muitos cépticos que contestavam a conclusão da Comissão Warren de que o presidente John F. Kennedy fora assassinado por um pistoleiro solitário chamado Lee Harvey Oswald, o qual por sua vez foi assassinado enquanto sob a custódia da polícia antes que pudesse ser interrogado. A CIA utilizou seus amigos nos media para lançar uma campanha a fim de tornar suspeições do relatório da Comissão Warren alvo de ridículo e hostilidade. Esta campanha foi "uma das iniciativas de propaganda de maior êxito de todos os tempos".
Assim escreve o professor de ciência política Lance deHaven-Smith, o qual no seu livro revisto por especialistas(peer-reviewed) Conspiracy Theory in America , publicado pela University of Texas Press, conta como a CIA teve êxito ao criar na mente do público a estigmatização reflexiva e automática daqueles que contestavam explicações do governo. Este é um livro extremamente importante e fácil de ler, um daqueles raros livros com o poder de arrancá-lo de The Matrix.
O professor deHaven-Smith pôde escrever este livro porque o original do CIA Dispatch #1035-960, o qual estabelece a trama da CIA, foi obtido através de um requerimento ao Freedom of Information Act. Aparentemente, a burocracia não encarou um documento tão velho como sendo de qualquer importância. O documento está marcado "Destruir quando não for mais necessário", mas por alguma razão não o foi. O Despacho #1035-960 da CIA é reproduzido no livro.
O êxito que a CIA teve ao estigmatizar o cepticismo a explicações do governo tornou difícil investigar Crimes de Estado Contra a Democracia (State Crimes Against Democracy, SCAD) tais como o 11/Set. Com a mente do público programada para ridicularizar "lunáticos da conspiração", mesmo no caso de eventos suspeitos como o 11/Set o governo pode destruir provas, ignorar procedimentos prescritos, atrasar uma investigação e a seguir formar um comité político para colocar o seu imprimatur sobre a narrativa oficial. O professor deHaven-Smith nota que em eventos tais como o assassinato de Kennedy e o 11/Set na investigação nunca são empregues os procedimentos oficiais da polícia.
O livro do professor deHaven-Smith's apoia o que tenho contado aos meus leitores: o governo controla a narrativa desde o princípio ao ter a explicação oficial pronta no momento em que ocorre o SCAD. Isto faz de qualquer outra explicação uma "teoria da conspiração". Isto é o modo como coloca o professor deHaven-Smith:
"Uma abordagem SCAD para memes [1] supõe mais uma vez que a CIA e outras possíveis agências participantes estejam a formular memes bem antes das operações e, portanto, memes SCAD aparecem e são popularizados muito rapidamente antes que quaisquer conceitos competidores entrem em cena".
O êxito da CIA no controle da percepção pública quanto ao que os nossos Pais Fundadores teriam encarado como eventos suspeitosos envolvendo o governo permite àqueles em posições de poder dentro do governo orquestrarem eventos que servem agendas ocultas. Os eventos do 11/Setembro criaram um novo paradigma de guerra sem fim em prol de um mundo dominado por Washington. O êxito da CIA no controle das percepções públicas tornou impossível investigar crimes da elite política. Consequentemente, agora é possível ser responsável da política do governo dos EUA para a traição.
O livro do professor deHaven-Smith contar-lhe-á a narrativa do assassinato do presidente Kennedy por elementos militares dos EUA, da CIA e do Serviço Secreto. Assim como a Comissão Warren encobriu o Crime de Estado Contra a Democracia, o professor deHaven-Smith mostra porque deveríamos duvidar da narrativa oficial do 11/Set. E de outras coisas que o governo nos conta.
Leia este livro. É curto. É barato. É preparação para a realidade. Ele o preservará de ser um americano idiota, indiferente e com o cérebro lavado. Estou surpreendido por a CIA não ter comprado toda a edição e queimado os livros. Talvez a CIA se sinta segura com o seu êxito em lavar os cérebros do público e não acredite que a democracia americana e um governo responsável possam ser restaurados.
[1] Memes: idéia, prática social, conceito ou ação que se torna norma e é conscientemente repetido numa sociedade (termo cunhado por Richard Dawkins no livro "The Selfish Gene", 1976)