Quando os rufias da Associação de Operadores do Porto de Lisboa respondem a uma greve com uma ameaça de despedimento colectivo, o que na realidade nos vêm dizer é que, neste país, podem fazer tudo o que lhes der na real gana.
Em directo, no telejornal, os terroristas avisaram que por cada novo dia de greve vão despedir mais trabalhadores. Como recordou o deputado ao Parlamento Europeu pelo PCP, João Ferreira, o Código do Trabalho é claro neste ponto: «É nulo o acto que implique coacção, prejuízo ou discriminação de trabalhador por motivo de adesão ou não a greve.» e «Constitui contra-ordenação muito grave o acto do empregador que implique coacção do trabalhador no sentido de não aderir a greve, ou que o prejudique ou discrimine por aderir ou não a greve». Mas os senhores que operam o nosso Porto acham que, no nosso país, estão acima da lei. O problema é que o Porto não é deles: é nosso e eles somente o operam; o País não é deles: é nosso e eles somente o exploram.
Perante a intimidação de um rufia não se arreda pé: faz-se frente. E os rufias a que os estivadores fazem frente não operam só o Porto de Lisboa: estão na tua fábrica, na tua empresa, na tua escola… Se os terroristas da Associação de Operadores do Porto de Lisboa vencerem esta batalha, todos os outros terroristas de todos os outros pequenos Estados Islâmicos verão que também eles podem impor a sua Sharia de Quero-posso-e-mando.
É portanto conveniente que nos interroguemos se é nesse país que queremos as nossas vidas e as vidas dos nossos filhos: um país onde os nossos patrões podem criar empresas paralelas para nos substituir por precários a 500 euros; onde somos obrigados a trabalhar até três vezes mais do que a lei permite como alternativa a sofrer processos disciplinares; onde os patrões inventam sindicatos para enganar os trabalhadores e não vão presos por burla; onde os contratos colectivos de trabalho vão para o lixo; onde os patrões podem mentir sobre o nosso salário e o nosso trabalho, sem ser acusados de difamação; onde não podemos estar com a nossa família; onde se fizermos greve e ousarmos levantar a cabeça somos imediatamente despedidos; onde quem não ganha uma miséria é que está mal; onde não ter direitos é que está bem.
A greve dos estivadores é uma greve contra a precariedade: a deles e a nossa. É uma greve pela dignidade: pela deles e pela nossa. No dia 16 de Junho, estejamos todos nas ruas para dizer aos rufias que se se quiserem meter com os estivadores, terão de se meter com o país inteiro. É que não é só por ser ilegal que a ameaça de despedimento colectivo não vai passar, é porque os trabalhadores não vamos deixar e, de caminho, ainda metemos os terroristas da Associação de Operadores do Porto de Lisboa no seu lugar, isto é, fora do Porto de Lisboa.
Apelo ainda à essencial leitura do comunicado que o PCP está a distribuir.
Fonte: http://manifesto74.blogspot.com