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Diário Liberdade
Sexta, 02 Junho 2017 01:24 Última modificação em Sexta, 02 Junho 2017 11:02

Trump, o Acordo de Paris e a vida no Planeta

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Mauricio Castro

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Antes que a moral burguesa recomece a estender orbi et orbi a culpa sobre umha abstrata irresponsabilidade humana que ameaça o futuro do planeta, convém esclarecermos:


1) nem Donald Trump ao abandonar o Acordo de Paris sobre Mudança Climática, nem os restantes dirigentes mundiais ao ficarem dentro som nem representam a humanidade –unicamente umha minoria dominante e hoje dividida; 2) nem é o futuro do planeta que está em causa com a atual crise socioambiental global –só o da nossa e doutras muitas espécies que nele habitamos.

Assumindo a convencional dataçom da presença do ser humano moderno sobre a Terra nuns 200.000 anos, poderemos facilmente concordar em que o início da suposta ameaça contra o planeta coincide com a Revoluçom Industrial, algures entre o último quartel do século XVIII e o início do século XIX.

Sendo que a alegada ameaça contra o planeta terá começado há por volta de dous séculos, concluímos que douscentos anos constitui só umha ínfima fatia dos referidos 200.000 anos de existência da nossa espécie. Achamos este um primeiro argumento sólido para descartar o ponto de partida de acusar “o ser humano”, em abstrato, pola péssima saúde do habitat natural que o Planeta Terra constitui para a nossa e para outras muitas espécies.

Há, porém, um segundo argumento, nom menos significativo: nom é o conjunto da espécie humana, global e indistintamente considerada, a responsável por essa ameaça. A grande maioria de correntes ambientalistas esquece incorporar o vetor de classe na hora de analisar a deterioraçom das relaçons metabólicas entre a nossa espécie e o planeta, como se nom existissem diferenças significativas ao interior da nossa espécie enquanto ser social. Como se fosse casual a coincidência entre o início do despregamento histórico do capitalismo industrial e a crescente ameaça para as condiçons de vida da nossa espécie no planeta.

Sublinhamos essa última sentença: nom é o futuro do planeta que está em risco, mas a continuidade da nossa e doutras espécies animais e vegetais; quer dizer, aquilo que chamamos biodiversidade como caraterística do espaço planetário que habitamos.

Sentadas as premissas anteriores, nom por evidentes, menos esquecidas no discurso habitual dos grandes media e da maior parte do ambientalismo, retomamos a ideia inicial.

Donald Trump e o resto de grandes líderes dos estados que formam a chamada ‘comunidade internacional’ constituem a representaçom institucional do capital, sistema mundial que impom umha determinada sociabilidade e um modo de produçom à imensa maioria de formaçons sociais humanas a nível global, fundado no lucro para a classe dominante (capitalista) como único critério de desenvolvimento histórico.

Grande inexatidom, além de profunda injustiça, constituiria atribuirmos portanto ao “ser humano”, abstrata e a-historicamente considerado, a responsabilidade que corresponde a umha evoluçom das sociedades de hegemonia burguesa nos últimos séculos, como se se tratasse de umha evoluçom inevitável, pré-estabelecida ou teleológica. Até porque, antes disso, e durante uns 199.800 anos (aproximadamente), a nossa espécie, organizada em diferentes modos de produçom, em nengum momento chegou a constituir nengumha ameaça para a vida neste mesmo planeta.

É a imposiçom e a continuidade de um modo de produçom, conhecido polo nome de capitalismo, que no seu desenvolvimento nos tem levado a umha situaçom limite como a que hoje vivemos enquanto espécie. A nós corresponde tomarmos conhecimento e consciência de porque é que estamos como estamos e como podemos mudar a tendência catastrófica a que o modo de produçom atualmente mundializado está a conduzir-nos como espécie.

Para tal, comecemos por identificar a natureza de classe do sistema e os interesses antagónicos que nos enfrentam a Donald Trump e ao resto de representantes do capital, essa minoria dominante num sistema mundial que ameaça nom o planeta, e si as condiçons que permitiriam umha vida digna no presente e garantiriam um futuro que merecesse ser vivido polas geraçons vindouras.

O que nom é pouco.

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