Trata-se de uma plataforma mundial de investimentos capaz de colocar em prática projetos empresariais. Segundo Lemos, a iniciativa já levantou US$ 160 milhões, sendo “o maior financiamento coletivo já realizado”.
A estrutura do DAO seria totalmente descentralizada, em que a comunidade de investidores decide por votos qual proposta deve receber recursos para sair do papel.
Seria mais um exemplo da chamada economia colaborativa, última moda entre os que acham possível fugir à lógica concentradora, especulativa e irracional do mercado capitalista.
Mas a proposta traz uma novidade importante. O sistema não precisa de intervenção humana e obedece a instruções pré-programadas. Além disso, uma vez criadas essas iniciativas, nada pode interromper seu funcionamento, “exceto desligar a rede como um todo”.
Desse modo, diz o texto, “não haverá prefeitura, tribunal ou sindicato capaz de derrubar a infraestrutura informacional dessa operação”. Essa informação parece assustadora, mas isso já acontece com o próprio sistema capitalista.
Em 1848, Marx e Engels escreveram no Manifesto Comunista: “Tal como o aprendiz de feiticeiro, a burguesia não consegue controlar as potências que pôs em movimento”. É o que acontece, por exemplo, com as frequentes crises econômicas. Nem mesmo os capitalistas sabem como evitá-las. E só conseguem resolvê-las preparando novas e piores crises.
A circulação adicional de centenas de milhões de dólares virtuais só deve piorar ainda mais as coisas.
O fato é que, tal como acontece com o DAO, o capitalismo só pode ser parado se desligarmos o sistema todo. Se interrompermos sua operação, tão centralizada quanto perversamente humana.