Em 2018, completam-se os 50 anos do lançamento da obra-prima de Stanley Kubrick. O roteiro foi escrito pelo próprio diretor juntamente com o escritor de ficção científica Arthur C. Clarke.
É possível dizer que foi com base nessa obra, que muita gente passou a imaginar o ano de 2001 como o ápice do domínio humano da natureza por meio da tecnologia. Era como se o monólito negro que aparece em momentos-chave do filme fosse surgir ao raiar de primeiro dia do novo século, acompanhado da grandiosa abertura musical de Richard Strauss.
Em contato com o estranho dispositivo preto entraríamos de vez na era da energia pura, em que largaríamos nossos corpos materiais e imperfeitos para nos tornar seres de luz. Isto segundo a versão pretensamente “otimista” de Clarke, que compartilha o desprezo pela dimensão material da vida com quase todas as religiões.
Passados alguns anos, parece que não foi bem isso o que aconteceu. Talvez, nunca nos preocupamos tanto com nossa forma física. Seja por motivos estéticos, seja pela crescente medicalização da vida. Ambos, fenômenos bastante convenientes aos interesses muito materiais das respectivas indústrias.
Meio século depois, prevalece a visão bem mais cética de Kubrick. Afinal, o grande vilão do filme é um computador tão artificialmente inteligente quanto perigoso. Hal 9000 é o mais sofisticado produto da evolução tecnológica. Mas sua origem é o grande osso que tornou-se a primeira ferramenta de nossos antepassados na condição de instrumento de morte.
Por enquanto, Kubrick acertou mais que Clarke.