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Diário Liberdade
Sexta, 11 Novembro 2016 21:24

Trump: nosso miserável reflexo

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Ilka Oliva Corado

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Tradução de Raphael Sanz

Não há muito mais por analisar nos resultados das votações. Não nos deve surpreender que tenha ganho Trump, já que ele é reflexo do que somos como humanidade: patriarcal, misógino, machista, homofóbico, xenófobo, racista, sexista e fascista. Isso explica porque bateu em Hillary Clinton nestas eleições. Com isto não quero dizer que ela é um docinho de coco, nem que eu a esteja defendendo. Os Estados Unidos não estão preparados para uma ter uma mulher presidenta, afim ao capital mas mulher e caucasiana. O que dizer de uma mulher negra que defenda os princípios de Martin Luther King, Rosa Parks e Malcolm X?


O ódio pôde contra a artilharia midiática que apoiava Clinton e desbancou Sanders, o ódio pôde contra o capital.

Trump nos mete medo? Não deveria, ele só evidencia do que somos feitos. Se nos dá medo é porque jamais nos olhamos no espelho como o que realmente somos. Enviou às urnas as massas racistas que estão em cada esquina em todos os níveis da sociedade, nas profissões e ofícios. Porque esta eleição não foi somente da classe alta, caucasiana; até o pária mais paria votou por Trump. Ainda que doa constatar tal situação! Ele não devia ter nem um voto. Negros contra negros e latinos contra latinos. Brancos pobres contra brancos pobres. Negros e latinos com mentalidade racista da Ku Klux Klan.

Defendendo a imposição, a exploração laboral, os crimes de ódio. Latinos que acreditam que por ter documentos a polícia racista os respeitará a vida ou que não seguirão sendo excluídos. Negros que acreditam que porque pensam como caucasianos extremistas, serão tratados como eles. Jamais! Com seu voto deram poder à polícia racista para matar a torto e a direito quantos afros cruzem o caminho deles.

No Mississippi, Alabama, Georgia e Carolina do Norte – estados predominantemente negros – deram o voto a um branco extremista, demonstrando com isto que não aprenderam absolutamente nada sobre sua história. Evidenciando que é um país segregador e racista.

Mulheres votando por Trump? Um homem que aplaude a violência de gênero, a misoginia e o abuso sexual, que nega o direito ao aborto. Homossexuais, classe baixa, muçulmanos, asiáticos, todos dando apoio a Trump… É o cúmulo da incongruência. Evidentemente Trump representa uma mudança, mas para algo pior, um retrocesso.

A Flórida, um estado predominantemente latino, votou por Trump. Na quarta-feira Marco Rubio agradecia a reeleição e o voto que lhe deram os venezuelanos, colombianos, portorriquenhos e cubanos anti imigrantes e anti América Latina. Não nos deve surpreender em absoluto que tenha ganho Trump. Apesar do apoio que Clinton dá à invasão militar na Venezuela e à continuidade do bloqueio a Cuba, os latinos preferiram o extremista The Donald. Da humanidade temos de esperar de tudo mesmo, nada mais pode ou deveria nos surpreender.

Com Trump os Estados Unidos tocaram fundo, pondo um fascista hitleriano e afim à Ku Klux Klan como presidente da nação mais poderosa do mundo. Não haverá poder humano que consiga deter as violações de direitos humanos que leva a cabo a Patrulha Fronteiriça e que evidentemente aumentaram e terão mais respaldo a partir de hoje. Sobre as deportações massivas de indocumentados, não haverá uma grande mudança, o mesmo seria com Clinton. Recordemos que Obama sendo democrata e prometendo uma reforma migratória foi o maior deportador da história do país. Sobre o famoso muro, já o deixou construído Obama e se chama Plano Fronteira Sul, com extensão nos planos Maya-Chortí, Mérida e Aliança para a Prosperidade. Por acaso, o que fará Trump, será apenas dar continuidade.

Trump nos mete medo? Agora poderemos entender nos mínimos detalhes o que viveu e sente o povo do Iraque, ou da Líbia, ou do Iêmen, ou da Síria ou da Palestina? Teremos capacidade para entender o que significa o bloqueio a Cuba?

Agora sim poderemos nos ver diante do espelho, nus, tal qual somos, como a porcaria de humanidade que habita a Terra? O que faremos a respeito? Trump não é uma ilha, é parte de nossa sociedade de dupla moral, dois pesos duas medidas e indolência.

 https://cronicasdeunainquilina.com/

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