O sentido disto é claro.
Não se trata, obviamente, de combater qualquer extremismo de que o PS ou os seus aliados sejam mentores. O capital nacional e europeu, pura e simplesmente, não admite nenhuma veleidade fora da regra absoluta que é degradar o trabalho e valorizar o capital. É esse o núcleo da ‘austeridade’ de que a burguesia não abdica.
Há um quadro objectivo que fundamenta os receios do capital: o marasmo evidente e os presságios de uma recaída mundial na crise, que os cálculos recentes do FMI apontam. Esta percepção segura leva a burguesia de todos os azimutes a adoptar as medidas mais extremadas no confronto diário com os trabalhadores.
Mas isto significa que os trabalhadores são forçados pelas circunstâncias a ter de enfrentar o capital com o espírito de lhe resistir e de inverter a relação de forças que lhes é desfavorável. Não há hipótese de dividir a meio os custos da crise.
Não será pois com as panaceias do PS que vamos lá. Os poucos ganhos obtidos desde Dezembro só servirão se forem tomados pelos trabalhadores como o sinal de que podem e devem ir mais longe. Não servirão de nada e voltarão para trás se alimentarem a ilusão de que, grão a grão, se faz ceder o capital.
Não basta exortar o PS a resistir à pressões da UE. Não basta, nem é essa a via: a via é criar nos trabalhadores a certeza de que só a força de um grande movimento social pode fazer a burguesia temer os efeitos de uma confrontação de classes.
Tudo ao contrário das juras de moderação da UGT no 1.º de Maio. E muito para além da semana de lutas reivindicativas avançada pela CGTP.