Por um lado, os indicadores relativos ao aumento do consumo privado, em particular os que dizem respeito ao 4º trimestre, evidenciam a importância desta componente para a dinamização e crescimento da economia. Por outro lado, o carácter reduzido em que tal incremento ocorreu, confirma que muito há a fazer no que respeita à distribuição da riqueza, nomeadamente pela via dos salários e de uma política fiscal mais justa para os trabalhadores e os pensionistas.
Fruto das pressões e chantagens externas e da opção em cumprir regras draconianas em termos de saldo orçamental, o investimento público diminui e o investimento total caiu 0,9%, o que deixa o país numa situação mais periférica em relação à Europa.
Para a CGTP-IN, estes dados são elucidativos da necessidade de romper com as regras do tratado orçamental e da importância de se iniciar, quanto antes um processo de negociação da divida. Por outro lado, uma subida mais vigorosa dos salários, terá um maior impacto no aumento do consumo e assim na evolução do PIB.
Neste sentido a CGTP-IN considera urgente a adopção de uma política que responda às necessidades e anseios dos trabalhadores da administração pública, do sector público empresarial e do sector privado. A melhoria dos salários, o descongelamento das carreiras, a contratação de mais trabalhadores nos serviços que deles necessitem, a revogação das normas gravosas da legislação laboral, a eliminação da norma que determina a caducidade das convenções colectivas são, entre outros, elementos centrais da valorização do trabalho e dos trabalhadores que o país precisa para garantir a coesão Económica, Social e Territorial.
O combate à precariedade dos vínculos laborais, quer na esfera do emprego público, quer na do emprego privado, exigem também uma acção rápida, uma vez que a larga maioria do emprego criado continua a não garantir a estabilidade e segurança essenciais para os trabalhadores e para um novo perfil produtivo que incorpore maior valor acrescentado.
Este é o momento de combater os interesses instalados e cumplicidades que lhes estão associadas. O processo político tem de ser evolutivo e não se compadece com uma lógica de estagnação. Este é o tempo de fazer mais e melhor pelos trabalhadores, o povo e o país.