Anteriormente, a economista considerava que atingir a meta proposta pelo governo era uma questão de fé. “Houve milagre?”, perguntaram-lhe agora os jornalistas. “Até certo ponto, houve”, respondeu ela.
Desde Janeiro de 2012 à frente do Conselho de Finanças Públicas, nomeada pelo governo Coelho-Portas, Teodora Cardoso defendeu a linha dos chamados cortes “estruturais”, afirmando que o programa do PSD-CDS era “prudente, credível e fundado na melhor e mais sofisticada ciência económica” e que, por isso, a sua “racionalidade” a levava a saudar essas medidas “científicas”. Nas suas análises e previsões, esteve geralmente com a troika, em companhia da Comissão Europeia, do FMI, da OCDE e do ministro das Finanças alemão Wolfgang Schauble.
Na dita entrevista, Teodora valoriza as ameaças de sanções por parte da Comissão Europeia, que, a seu ver, terão sido o factor determinante para fazer inflectir a orientação inicial do Orçamento do Estado elaborado pelo governo PS, obrigando nomeadamente a “cortes muito profundos no investimento público”.
Na mesma linha, desvaloriza a redução do défice conseguido em 2016. Agitando o pecado de “logo a seguir voltarmos a fazer despesas”, acaba por enaltecer os méritos disciplinadores do chamado Procedimento por Défice Excessivo — vulgo, austeridade e tutela por parte da troika.
Dizendo-se apartidária, Teodora Cardoso é um exemplo de como, sob a capa da “ciência económica”, se presta serviço a uma classe, defendendo os seus privilégios, com o único propósito de que os negócios capitalistas prosperem contra todos os obstáculos — se necessário, como no caso do consulado PSD-CDS, à custa do empobrecimento impiedoso dos assalariados.
Não admira que Passos Coelho tenha saído em sua defesa dizendo-a “competente e idónea” e assegurando que a senhora “sempre teve um posicionamento político que não é próximo do PSD”.