Como se tudo isto não bastasse, os representantes das associações de colégios, que estiveram ontem reunidos com Marcelo Rebelo de Sousa, acharam por bem «amarrá-lo» também à sua «causa». À saída da reunião, que reputaram de «muito positiva» e «muito proveitosa», garantiram que o presidente se «comprometera a encontrar uma solução de curto prazo» com o Primeiro-Ministro e que Marcelo teria manifestado preocupação com os «interesses dos contribuintes», tendo-lhe sido demonstrado que «cada nova turma que deixe de abrir nas escolas privadas e que abra nas escolas públicas passa, no mínimo, a custar mais 25 mil euros por ano».
Com este enquadramento, a Rádio Renascença chegou mesmo a apurar, «junto de várias fontes que têm acompanhado a polémica», que o Presidente da República teria «procurado obter uma posição de equilíbrio de forma a que ambas as partes possam salvar a face, não tendo nenhum deles um ganho total». E que estaria em cima da mesa «a ideia de o próximo ano poder ser ainda um ano de transição», com o corte das turmas «aligeirado» e em que os colégios podiam «negociar com o executivo uma solução de consenso».
Subitamente, caíram porém dois baldes de água fria sobre esta estratégia de manipulação em todas as frentes: Marcelo Rebelo de Sousa distancia-se dos colégios, sublinhando em comunicado que as afirmações que lhe foram atribuídas são «obviamente (...) da exclusiva responsabilidade dos representantes das escolas e da interpretação que fazem da conversa com o Presidente da República». E hoje, ao final da tarde, foi conhecido o Parecer da Procuradoria Geral da República, que deita por terra as pretensões dos colégios em matéria de interpretação jurídica dos contratos de associação. Não, o desespero e a falta de escrúpulos não são bons conselheiros.