A União Europeia, tal como a concebeu o projecto capitalista que a edificou, entrou numa fase de crise terminal.
Estamos a assistir à sua implosão e o ‘pontapé de saída’ está a ser dado com o chamado ‘brexit’ inglês, mas o processo está bem mais estendido a todo o continente, ao iniciar-se uma fase em que o imperialismo europeu reconhece o falhanço deste projecto assente em acordos multilaterais no mundo da globalização capitalista (como é o projecto UE) e parece querer retomar o anterior ‘cada um por si’ para se posicionar nesta profunda crise económica.
Os fenómenos políticos acompanham esta desagregação comunitária. Os chamados ‘populismos’ de direita retomam a ideologia do ‘proteccionismo’ face ao exterior a par com o reforço do liberalismo laboral interno.
A xenofobia e o racismo servem esses propósitos e já vemos os exemplos dessa direita a governar a Polónia e a Hungria (neste caso já com traços próximos do fascismo), a fortalecer-se na Bélgica, Holanda, Itália, Alemanha e na França, onde a candidata Marine Le Pen só parece ser travada pelo recente populismo de Macron (um ‘independente’ proveniente da alta-finança e que se demarca da ‘classe política’).
A falta de uma alternativa à esquerda, com um percurso de independência face aos governos sociais-democratas e socialistas ditos de ‘esquerda’, tem permitido a novos protagonistas, mais ou menos populistas, captarem o apoio de massas trabalhadoras e jovens vítimas da austeridade e do desemprego.
Quem perdeu direitos e perspectivas de futuro não suporta os ‘políticos’ que o colocaram nesta situação e procura alternativas.
As recentes derrotas dos movimentos (2008/2014) que em várias partes do mundo (com particular destaque para o norte de África e Europa do Sul, mas também com expressão no continente americano) reagiram à crise e contestaram a situação política e económica nas diversas regiões, deram origem a este novo contexto mundial onde se enquadra o surgimento de novos protagonistas a liderar novos planos de reacção capitalista para a crise económica. Exemplo destas novas ‘lideranças’ é Donald Trump nos EUA.
Este novo projecto que visa aprofundar a exploração e desregulação dos direitos laborais, com a ‘uberização’ da economia e com mais restrições na democracia, tem de ser enfrentado com a unidade dos povos e da classe trabalhadora.
Lamentavelmente há na esquerda portuguesa quem opte pela unidade com os governos comprometidos com a velha ordem da UE, e que hoje está a desmoronar-se.
Em Portugal, PS e PSD/CDS-PP são duas faces da mesma moeda. A construção de uma unidade de esquerda que possa fazer frente a eventuais populismos de direita, necessita de um corte imediato com o governo PS e uma clara opção por um novo projecto europeu sem muros nem austeridade, em corte radical com esta UE, com o Euro e a submissão à Dívida .
O Movimento Alternativa Socialista – MAS – propõe à esquerda, particularmente ao PCP e ao BE, a constituição de uma unidade alternativa ao PS, à direita e à UE. Uma unidade para mobilizar pela saída do Euro e para parar a sanguessuga da dívida.
Uma unidade com todos os que à esquerda do PS querem uma saída por fora dos caminhos desta UE e também querem evitar as soluções de um qualquer populismo de direita.