O balanço foi feito pelo secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, aos jornalistas, no hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O dirigente sindical indicou que há vários blocos operatórios encerrados no país e, apesar de se escusar a entrar «numa guerra de números», apontou para uma adesão superior a 80% neste primeiro dia de paralisação.
Consultas e cirurgias programadas devem ser as mais afectadas nestes dois dias de greve, com os profissionais a cumprirem obrigatoriamente os serviços mínimos, que contemplam as urgências, quimioterapia, radioterapia, hemodiálise ou transplantes.
O SIM e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que convocaram a greve, têm um conjunto de 30 reivindicações e queixam-se de que o Governo tem empurrado as negociações ao longo de um ano, sem concretizações, e demonstrando «falta de respeito» pelos profissionais.
O deputado Miguel Tiago, do PCP, esteve presente no local da conferência de imprensa sobre os resultados da greve e declarou que o partido estava solidário com a acção e os seus objectivos.
Miguel Tiago considerou que esta «também é uma luta pelos direitos dos utentes» e que a melhoria da qualidade com que um médico faz o seu serviço é também a melhoria da qualidade do SNS.
Tutela tem vindo a «empurrar com a barriga»
De acordo com os sindicatos da FNAM, o Ministério da Saúde tem andando a «empurrar com a barriga» as negociações com os médicos, num «processo de arrastamento inexplicável». Entre os vários problemas com que se deparam no exercício da profissão, os médicos reivindicam a limitação de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e o reajustamento do número de utentes por médico de família, «procedendo à diminuição progressiva dos actuais 1900 para 1550 utentes».
Os sindicatos pretendem que o trabalho suplementar em serviço de urgência seja limitado a 150 horas anuais, em vez das actuais 200, «acabando com a discriminação negativa em relação à restante Função Pública». Exigem igualmente a reversão dos cortes nas horas extraordinárias e o pagamento a 100% para todos os médicos, com efeitos retroactivos a 1 de Janeiro.
A abertura imediata dos concursos de progressão na carreira médica, a existência de medicina do trabalho em todos os estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a regulação do internato médico, a diminuição da idade da reforma e mais apoio para os médicos de família são outras exigências destes profissionais.
Os médicos também defendem a reformulação dos incentivos à fixação em zonas carenciadas, a revisão da carreira médica e das respectivas grelhas salariais e o respeito integral pela legislação laboral médica, nomeadamente quanto ao descanso compensatório.
São ainda exigidas medidas imediatas de solução para a situação dos médicos que não tiveram acesso às vagas no Internato Médico, nomeadamente o grupo inicial de 114 médicos que estão a ser alvo de avisos de despedimento, bem como a definição de medidas que combata o crescimento de médicos indiferenciados e sem acesso à formação médica especializada.