Foi em 2015, na convenção autárquica do PS, que o vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado, apresentou a intenção de desmantelar a Estação de Santa Apolónia.
A ideia, que inicialmente previa a transformação desta zona nobre da capital num espaço verde com ligação ao rio Tejo, transformou-se na concessão do apetecível espaço a uma unidade hoteleira para aí construir um hotel de quatro estrelas, com um mínimo de 120 quartos.
O prazo é de 35 anos e o anúncio foi feito dias depois das eleições autárquicas do passado dia 1 de Outubro, «seguramente para evitar constrangimentos eleitorais a quem autorizou esta iniciativa da Infraestruturas de Portugal (IP)». A suspeição é avançada na moção que os vereadores do PCP apresentaram na Câmara Municipal de Lisboa, em 20 de Dezembro de 2017.
Os eleitos contestam os planos de encerramento da terceira estação mais movimentada do País, da qual partem diariamente cerca de 150 circulações e mais de 8000 passageiros, denunciando que «a IP tem vindo a esvaziar a Estação de Santa Apolónia com a transferência de centenas de trabalhadores ferroviários para outros locais, como por exemplo o Pragal (Almada), com evidentes prejuízos para a resposta operacional das suas instalações em Santa Apolónia».
Em oposição à quantidade de hotéis que surgiram em Lisboa nos últimos anos, surge a falta de resposta dos serviços públicos de transportes, designadamente no sector ferroviário. Por outro lado, os vereadores comunistas sublinham que a decisão de alienar este espaço, onde «convergem muitos apetites hoteleiros», «criará ainda maiores dificuldades à reversão da fusão da Refer com a Estradas de Portugal, pondo em causa a criação de condições para se travar o processo de degradação da rede viária e da rede ferroviária».