Concentrações em Lisboa (dia 19) e no Porto (23) e uma sessão pública na capital, nesta segunda-feira, com representantes do CPPC e da CGTP-IN e o secretário-geral da Confederação Internacional dos Sindicatos Árabes, foram as mais recentes expressões de solidariedade com o povo da Síria realizadas em Portugal. Entre os seus promotores estiveram muitas das organizações e movimentos que desde o início da agressão e ingerência externas, em 2011, têm vindo a denunciá-las e combatê-las e a defender a soberania e a paz nesse país.
As acções de rua foram convocadas por cerca de 30 organizações, unidas na condenação aos bombardeamentos dos EUA, Reino Unido e França, na madrugada de 14 de Abril, contra a República Árabe Síria. No texto que serviu de convocatória às iniciativas e em várias intervenções nelas proferidas denunciou-se o apoio expresso da NATO, da União Europeia e de Israel (e a concordância tácita do Governo português) a mais esta agressão a um Estado soberano, realizada em total desrespeito pelo direito internacional.
Quanto ao pretexto evocado para os bombardeamentos – o suposto ataque com armas químicas em Douma –, realçou-se desde logo a falta de evidências que o comprovem. Além disso, sublinhou-se o facto de o suposto ataque ter sido desencadeado no exacto momento em que a Síria e o seu povo vinham obtendo importantes vitórias militares face aos grupos terroristas e eram alcançados substanciais avanços no caminho da paz. Revelador é também o facto de os bombardeamentos terem ocorrido horas antes de a equipa de peritos internacionais, convidada pelo governo sírio, iniciar as suas investigações ao que realmente terá ocorrido, ou não, em Douma.
Em Lisboa e no Porto, os oradores – representantes das organizações promotoras das concentrações (CPPC, CGTP-IN, MDM e MPPM em Lisboa; e CPPC e CGTP-IN, no Porto – reafirmaram ainda a necessidade de alargar a solidariedade à resistência da Síria e do seu povo face à agressão externa. A paz, garantiram, só será alcançada com o respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Síria e pelos direitos do seu povo.
Informar e esclarecer
Na segunda-feira, 23, o auditório da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, em Lisboa, acolheu uma sessão em prol da paz na Síria e no Médio Oriente. Participaram o Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, os dirigentes do CPPC Filipe Ferreira e Tiago Vieira e o secretário-geral da Confederação Internacional de Sindicatos Árabes (CISA), Ghassan Ghosn. O sindicalista libanês denunciou a continuada desestabilização da região por parte dos EUA, Israel e seus aliados europeus e regionais e as suas dramáticas consequências para os trabalhadores, visíveis nos elevados índices de pobreza, desemprego e desprotecção social.
Tiago Vieira e Filipe Ferreira, por seu lado, lembraram a viagem que fizeram à Síria, em 2012, integrados numa delegação conjunta da Federação Mundial da Juventude Democrática e do Conselho Mundial da Paz. Nessa altura, tinham já sido assassinados 500 soldados sírios (uma média de três por dia), em confrontos com grupos armados, que as potências ocidentais e os grandes meios de comunicação social apresentavam como «manifestações pacíficas». Os dois activistas recordaram os debates francos e abertos que nessa mantiveram com diversas entidades sírias, muitas das quais opositoras ao governo do país, mas contrárias à ingerência externa e aos grupos armados.
Arménio Carlos demonstrou a fragilidade dos argumentos com que os países agressores procuram justificar o recente ataque contra a Síria, lembrando as semelhanças com o que ocorreu há 15 anos no Iraque. Reafirmou ainda a solidariedade da Intersindical aos trabalhadores e povos dos países árabes, e em particular da Síria e da Palestina.
PCP presente e solidário
Na concentração de Lisboa, realizada no Largo Camões, esteve presente uma delegação do PCP, dirigida pelo Secretário-geral, Jerónimo de Sousa. Em declarações aos jornalistas, o dirigente comunista reafirmou a solidariedade dos comunistas portugueses ao povo sírio e condenou o ataque dos EUA, Reino Unido e França e a posição «mitigada» do Governo do PS, a quem bastaria respeitar a Constituição da República Portuguesa para estar do lado da paz e da cooperação entre países e povos e não de actos de guerra como o que se verificou, à revelia do direito internacional.
Para Jerónimo de Sousa, a actual situação da Síria lembra o que sucedeu há 15 anos, quando guerra então desencadeada contra o Iraque foi justificada com argumentos semelhantes, comprovadamente falsos. Hoje, aquele país encontra-se destruído.
Três concertos pela Paz em Maio
O CPPC realiza durante o mês de Maio mais três concertos pela paz: no dia 11 em Coimbra, 19 em Lisboa e 25 em Viana do Castelo. Estes concertos são de entrada gratuita (limitada à capacidade das salas) e contam com a participação generosa dos artistas.
Em Lisboa, o Concerto pela Paz decorre no Fórum Lisboa e tem início marcado para as 15h30. Participam os artistas e grupos Peste & Sida, Maria Alice e Humberto Ramos, Luís Ortigoso, Luís Amaro, El Sur, Coro Infantojuvenil da Universidade de Lisboa B'rbicacho.