Uma deslocação sistemática a um Centro de Emprego no Instituto do Emprego e Formação Profissional, IEFP, ou a uma Junta de Freguesia ou ainda a qualquer uma outra Instituição pelo Estado nomeada não é uma prova de emprego ou desemprego. É uma prova de deslocação. E mais nada. Se pensarmos que quase um milhão de pessoas por ano e durante vários anos foram obrigadas a deslocarem-se de quinze em quinze dias a uma Instituição pelo Estado nomeada para apenas obterem um papel carimbado comprovativo de presença então podemos dar-nos ao direito de pensar que o Estado Português estava moribundo e que nos queria levar com ele. Muito moribundo.
Portugal continua a ser um país com problemas de despovoamento. Restringir a mobilidade de quase um milhão de pessoas forçando-as a deslocarem-se quinzenalmente a um ponto específico é inibir a livre circulação no seu próprio território e insistir num país carente de gente. Um Estado que optou por gastar os seus recursos económicos em papeis comprovativos de presença é um Estado que optou por não gastar esse mesmo valor em iniciativas de desenvolvimento ou em iniciativas de melhoria do bem estar. Mais ainda, é um Estado que não se preocupou em preservar os recursos naturais.
Por cada carimbo no papel, quantas árvores foram abatidas, quantos pedaços de solo foram desnutridos e quantos litros de água foram gastos e quantos químicos poluíram? O Estado não só quis levar uma população consigo mas também adicionou à sua loucura uma natureza impossibilitada de fugir. A população foi obrigada a alterar as suas rotinas de pensamento em soluções de futuro para se concentrar no medo de se descuidar. Há segunda falta de comparência para obtenção do papel comprovativo de presença, o subsídio de desemprego era automaticamente anulado e as condições estáveis de saúde, habitação, alimentação colocadas em causa. Para quê manter uma população assustada e promover a sua doença quando se pode promover um povo livre cheio de saúde e uma natureza a fluir?