Os trabalhadores do Pingo Doce realizaram ontem uma concentração em frente à loja de Algés, exigindo a negociação do Caderno Reivindicativo, negociação esta que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Serviços e Escritórios de Portugal (CESP), é recusada pela empresa.
No Caderno Reivindicativo, os trabalhadores exigem aumentos salariais para todos os trabalhadores, o fim do banco de horas e o respeito pelos horários de trabalho e dias de descanso semanais (dois dias consecutivos), com afixação nos prazos legais, acabando com as constantes alterações que põem em causa a vida pessoal e familiar dos trabalhadores.
Reivindicam ainda o respeito pelas pausas para a recuperação física e mental dos trabalhadores, a reposição da majoração das férias (com 22 dias mais três dias), e o respeito pelos direitos de parentalidade – horários flexíveis para trabalhadores com responsabilidades familiares, assim como o fim das transferências abusivas de local de trabalho para longe da residência, no caso de trabalhadores com filhos menores.
Os trabalhadores exigem também o fim da imposição de elevados ritmos de trabalho, que consideram «desumanos e que prejudicam gravemente a saúde dos trabalhadores». A passagem a efectivos dos trabalhadores com vínculos precários é outra das questões apresentadas.
Segundo o CESP, os trabalhadores também lutam por condições de saúde, higiene e segurança nos locais de trabalho, fardamento em condições e cadeiras apropriadas para operadores de caixa. É ainda exigida a correcção das carreiras profissionais, nomeadamente dos trabalhadores de armazém. Os trabalhadores queixam-se da repressão e intimidação exercida no local de trabalho, ocorrendo ameaças quando, por razões legais, os mesmos não aceitam as alterações que a administração pretende impor.
O CESP alega não compreender a razão porque a administração se recusa a negociar o Caderno Reivindicativo, quando o Pingo Doce apresentou 33 milhões de euros de lucros em 2015.
No passado dia 21 de Abril, os trabalhadores e o sindicato realizaram uma concentração junto à sede social da empresa, no Campo Grande, onde exigiram de novamente resposta ao Caderno Reivindicativo. Não obtendo resposta, o CESP requereu à Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT/ Ministério do Trabalho), a convocação da empresa para reunião. No entanto, esta optou por não comparecer às convocatórias para 18 e 27 de Maio, preferindo pagar as respectivas coimas por «incumprimento grave» do Código do Trabalho.