Os manifestantes traçaram um cenário degradante que já não conseguem suportar e que tem transformado as suas vidas num inferno.
Mau cheiro, estradas enlameadas que provocam acidentes, despejos de detritos para a ribeira foram algumas das queixas proferidas pela população.
“Queremos respirar!”, gritava uma moradora ao microfone, tendo recebido o aplauso de todos os presentes.
A vereadora do Bloco na Câmara Municipal de Torres Novas, Helena Pinto dirigiu-se às centenas de pessoas presentes na manifestação para saudar não só a sua presença como a sua persistência num processo de luta que classificou como "duro" porque os adversários são muito fortes e continuam a poluir de forma "impune" arrecadando milhões e milhões de euros.
“A nossa luta em defesa do Almonda é uma luta em defesa das populações porque é insuportável viver com estes maus cheiros”, afirmou Helena Pinto que se referiu ainda às consequências cuja gravidade ainda é desconhecida.
“Nesta terra, o povo passou um verão com altas temperaturas sem poder abrir uma janela e por isso temos que dizer basta”, avançou.
A vereadora bloquista reafirmou depois que os interesses das populações, a sua saúde e ambiente estão em primeiro lugar e que por isso "a obrigação dos eleitos seja da Assembleia da República, das autarquias, das juntas de Freguesia é defende-los".
A terminar referiu-se à força e ao empenho do povo como imprescindíveis para que este processo possa ir para a frente.
Na manifestação estiveram ainda presentes várias organizações como a Quercus, a Protejo e a Comissão de Utentes de Saúde do Médio Tejo (CUSMT), além de representantes do poder local como o Presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, e os presidentes da Junta de Freguesia de Riachos e de Media Via, que são as zonas mais afetadas pela poluição.
O representante da CUSMT denunciou os problemas pulmonares e cancerígenos que afetam as pessoas vítimas de poluição, tendo anunciando medidas para combater este flagelo.
Um dos organizadores da manifestação, disse ao site Medio Tejo que esta foi uma iniciativa do “povo”, e que está “farto” da poluição.
Medidas urgentes
A Associação de Defesa do Património de Torres Novas marcou igualmente presença neste protesto para contestar uma mais uma vez a contaminação da Ribeira da Boa Água, considerando que as descargas contaminantes permanentes são uma afronta a todos aqueles que passam pelo local e especialmente a todos quantos habitam no concelho.
Entretanto, numa carta aprovada pela população, foi feito um apelo às autoridades para que estas “desenvolvam todas as iniciativas ao seu alcance, para que terminem os atentados ao ambiente e à qualidade de vida das pessoas”.
Na recomendação do Nicho pode ler-se que “a gravidade da poluição da ribeira da Boa Água e da poluição do ar, consequência da primeira, está a tornar a vida das pessoas num inferno, a colocar em causa a saúde pública e a comprometer o desenvolvimento da economia e do emprego nesta região (comercio, restauração e agricultura)”.
O documento sublinha que “decidiu recomendar aos vários poderes instituídos, Ministério do Ambiente, Ministério da Economia, Câmara Municipal de Torres Novas, Assembleia Municipal de Torres Novas, Assembleia da República e partidos políticos para que desenvolveram todas as iniciativas ao seu alcance, tendo em vista colocar um ponto final nos atentados ao ambiente e à qualidade de vida das pessoas.