[Ralph Miliband, Tradução de Alejandro Garcia] Marx famosamente proclamou a necessidade de “esmagar” o estado burguês. Mas o que significa isso na prática? Se o nosso objectivo é um socialismo democrático e não burocrático então por que tipo de estado nos devemos esforçar?
[Alex Agra] Sabemos que o poder político nada mais é do que o poder organizado de uma classe para a opressão de outra1. As Forças Armadas têm um papel fundamental na execução dessa violência porque é ela, em última instância, que faz valer o poder político que o Estado concentra em si. Quando a existência do Estado está ameaçada, isto é, quando sua condição de soberano é ameaçada, são as Forças Armadas que entram em ação (vide 18 de Brumário de Luís Bonaparte). No entanto, cotidianamente, o papel de executar o poder político fica a cargo, é claro, das polícias. São elas que cotidianamente reprimem tudo aquilo que pode ser considerado uma ofensa ao poder político. No entanto, ao contrário do que pensam os adeptos do politicismo, a ameaça à manutenção do poder político não reside em outra coisa senão na sociedade civil. Isso ocorre porque o Estado tem uma relação de dependência em relação à sociedade civil, uma determinação que classificamos, seguindo o caminho de Ivo Tonet2, como “uma dependência ontológica entre fundante e fundado”. Ora, Marx e Engels explicam isso com clareza n’A Ideologia Alemã:
[Rafael Silva; Laboratório Filosófico] “Quem tem medo do Lobo Mau?”, cantarolava Chapeuzinho Vermelho enquanto cruzava o bosque, não porque destemesse verdadeiramente a fera, mas, ao contrário, porque precisava se alienar desse temor para seguir caminhando. Visto que “homo homini lupus”, isto é, que o homem é o lobo do homem, como disse o dramaturgo romano Plauto duzentos anos antes de Cristo, e como repetiu categoricamente o filósofo inglês Thomas Hobbes dezenove séculos depois, os seres humanos têm medo do Lobo Mau na medida em que sabem que o maior perigo – o lobo – é o outro – humano.
Por João Guilherme A. de Farias*
Historicamente, o avanço do capitalismo está diretamente vinculado ao processo de liberdade individual e consequente aprisionamento e concentração da terra.
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