Uma brasileira que conheceu pela primeira vez uma amiga negra quando foi trabalhar em Angola.
Uma angolana que decidiu viver em Lisboa por questões econômicas.
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“Reconheço em você os traços dos que caminham aqui ao meu lado, dia a dia”, é a frase de um dos personagens do documentário Cartas para Angola, de 2012, que mostra a proximidade entre os povos de Angola, Portugal e Brasil a partir de histórias contadas por meio de cartas trocadas entre personagens separados por milhares de quilômetros.
O filme, dirigido pelo casal brasileiro Coraci Ruiz e Julio Matos, conta com entrevistas de personagens residentes em Luanda, Lisboa, Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.
A provocação de sentimentos de empatia é uma das características mais interessantes do documentário. A Pátria é onde se nasce ou onde se vive? A mensagem que se passa é que talvez a Pátria esteja, na verdade, localizada dentro de cada um de nós, em nossos corações e para onde nossas mentes são direcionadas, mesmo que inconscientemente.
O estilo poético e reflexivo da obra e o conteúdo das mensagens trocadas são fatores especiais que ajudam a compreender e sentir o outro, a se reconhecer nele, a perceber o quanto somos parecidos e nossas tristezas, fraquezas, alegrias e dificuldades muitas vezes são as mesmas.
“No fundo somos elos de uma mesma família que o Atlântico não separou e nunca vai conseguir separar”, afirma uma das entrevistadas do documentário. Angola, Brasil e Portugal se reconhecem e se aproximam, nossos povos sentem-se pertencentes um ao outro, com nossas diferenças, sutilezas e particularidades, mas com o desafio da integração solidária.
Isso pode ser feito graças ao acesso à tecnologia, à internet, por e-mails, redes sociais, aplicativos... ou então escrevendo cartas.
O longa foi exibido em diversos festivais de cinema pelo mundo. Recebeu o prêmio de melhor documentário no IV Festival do Filme Etnográfico do Recife e no V Festival Internacional de Cinema de Luanda, além do prêmio da CPLP no 4º Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa e menção honrosa no 5º Festival de Cine Latinoamericano de Flandes.
Cartas para Angola está disponível na íntegra no Youtube e pode ser assistido abaixo: