As investigações realizadas sobre isso demonstraram que em 41 anos os órgãos de segurança cubanos conheceram e desmantelaram 634 complôs homicidas contra sua pessoa, em diferentes etapas de elaboração, sendo 60 dirigidos executivamente pela CIA, em 10 dos quais houve participação da Máfia dos EUA, um triste recorde que nenhum outro líder mundial alcançou na história da Humanidade e isso sem contar os que não foram descobertos.
Essa informação – rigorosamente verídica – foi obtida nos arquivos da Segurança do Estado, os processos penais iniciados contra os autores e julgados pelos Tribunais, e documentos desclassificados nos Estados Unidos.
Venenos sofisticados, dardos mortais, fuzis para caçar elefantes, armas moderníssimas e outros artifícios foram desenhados, preparados ou utilizados para concretizar tais planos macabros.
Mas não só tentaram assassinar fisicamente o homem, como também moral e intelectualmente, afetar sua imagem e desacreditar suas ideias: polvos com drogas que afetariam seus sentidos, campanhas midiáticas para denegrir seu pensamento e obra, enfim, toda a criatividade e o poderio tecnológico e científico da maior superpotência mundial colocado à disposição desse objetivo.
Filmes, documentários, comic, conferências em universidades de todas as latitudes, campanhas radiofônicas e televisivas, enfim, o possível e o impossível foi realizado, com abundantes orçamentos, mas todas as vezes fracassaram; a imagem e o pensamento do líder cubano se fortalecia e projetava sua luz aos nossos povos irmãos.
No mundo, muitas pessoas se perguntaram o porquê dessa obcessão criminosa de um poderoso governo – a superpotência mundial – em eliminar, assassinar e sepultar as ideias de um homem, que, à frente de um pequeno país, nunca os agrediu e lutou pela independência e soberania de seu povo, para alcançar níveis de vida superiores para seus compatriotas, para praticar o internacionalismo de maneira militante e desinteressada e dar um exemplo de conduta revolucionária.
Penso que as razões desse ódio visceral teriam que ser buscadas na própria realização da Revolução cubana, feita a somente 90 milhas dos Estados Unidos.
O “establishment” norte-americano não estava preparado para um desafio de tal natureza, pois a América Latina era seu quintal. Havana era quase uma cidade mais do Império, onde os ianques disfrutavam as férias, jogando e consumindo drogas, com governos lacaios que satisfaziam aqui seus desejos e necessidades.
A mais de um bilhão de dólares chegavam os investimentos norte-americanos em Cuba antes da Revolução, as melhores centrais açucareiras, as empresas de serviços públicos, as principais imobiliárias, as grandes indústrias, clubes, campos de golfe, hoteis, as refinarias de petróleo, enfim, tudo o que valia era propriedade norte-americana, incluindo os investidores da Máfia que já haviam se assentado no país para fazer dele um bordel internacional.
Governos corruptos como os de Ramón Grau, Carlos Prio e Fulgencio Batista lhes asseguravam aquele paraíso para seus investimentos e ócio, que segundo os planos da época, se tornaria na “Las Vegas do Caribe”.
No primeiro dia de janeiro de 1959 se deram conta de que naquela aprazível e até então bucólica Ilha do Caribe havia sido desencadeada, após mais de 25 meses de luta armada nas serras e nas planícies, uma verdadeira Revolução, que tão logo transformaria o “status quo” existente, levando a cabo um programa de transformações sociais, políticas e econômicas sem precedentes no continente americano, que afetou diretamente as próprias estruturas do Império norte-americano.
As reformas agrária e urbana, a diminuição das tarifas de eletricidade e telefônicas, a construção de escolas, o desterro do jogo e da corrupção, a derrota dos mercenários por eles apadrinhadas em Girón, o êxito da grande campanha de alfabetização que eliminou o analfabetismo e a nacionalização das principais propriedades norte-americanas em Cuba, por causa de sua sabotagem e oposição às medidas sociais implementadas, foi o alerta que estremeceu o poderoso “vizinho do norte”, colocando-o em evidência diante da opinião pública mundial.
E tudo realizado a plena luz do dia, transmitido ao vivo e in loco pelas emissoras de rádio e a recém-estreada televisão, desenhada para o domínio da consciência das grandes massas populacionais. Nunca antes esta havia sido utilizada de maneira tão engenhosa e o povo cubano, assim como outros povos do mundo, conhecia, diariamente, até os mais mínimos detalhes daquele extraordinário processo que se realizava em Cuba e que revolucionava a forma de fazer uma Revolução.
Em 6 de agosto de 1960 no estádio de beisebol do Cerro capitalino [Estádio Latino-americano, em Havana] abarrotado pelo povo e transmitido pela TV, Fidel e os líderes revolucionários proclamaram para o mundo a nacionalização de todas as empresas norte-americanas e o encerramento de suas operações em Cuba. Algo inédito para o Império e que transbordaria seu copo.
Poucas semanas mais tarde, em setembro daquele ano, aproveitando uma visita de Fidel à ONU na cidade de Nova Iorque, a CIA contratou a Máfia para assassiná-lo. Algo totalmente provado por seus documentos declassificados. A partir de então, começou a caçada que se prolongaria por mais de 50 anos, de maneira infrutífera. A Revolução continuaria seu processo de radicalização e meses depois proclamaria seu caráter socialista.
Nesses anos de lutas e vitórias, Fidel, com seu talento e ética, forjou um novo conceito de “fazer política” que, anos depois, no início deste século, definiria como o cenceito de Revolução.
A política até então, desprestigiada e prostituída, manchada por séculos de corrupção, conspirações, lutas internas pelo poder, etc. emergiu de seu pensamento como algo novo, diferente, que se relacionava com a melhor maneira de servir aos interesses da Pátria e da humanidade e, em nosso caso, de construir uma sociedade “com todos e para o bem de todos”, algo que comoveu o conceito da denominada “democracia representativa” vaticinada e promovida pelo Império como o nível mais elevado da democracia.
Desde então há dois tipos de democracia, a deles, denominada “representativa”, ainda não sei por que, prostituída e corrupta como as recentes eleições naquele país demonstraram, e a socialista cubana consagrada na existência de nossos poderes populares, na própria concepção da estruturação e formação da sociedade civil e a defesa dos direitos humanos fundamentais, embora ainda seja necessário aperfeiçoar nosso sistema democrático.
É a política que Cuba tem desenvolvido consequentemente neste último meio século e não só para benefício dos interesses de um país, mas de toda a Humanidade, seja apoiando todos aqueles que lutavam por sua independência e libertação; enfrentando e vencendo os exércitos do Apartheid, libertando povos na África em uma campanha militar sem precedentes históricos; levando o ensino e a medicina aos “mais obscuros rincões do mundo”; ou alertando sobre a hecatombe ambiental que se aproxima.
Nunca se conheceu e nosso planeta um líder interessado e ocupado na resolução de tão diversos problemas, uma epopeia de tal natureza que foi dirigida e comandada precisamente por Fidel Castro... por esses “pecados” os Estados Unidos o condenaram à morte.
No entanto, fracassaram todas as vezes seus complôs criminosos contra sua vida e para derrocar a Revolução, como fracassarão novamente as ameaças imperiais que se avistam no horizonte, depois das eleições norte-americanas. Cuba é um bastião das ideias de Fidel, da solidariedade, dos direitos humanos, do socialismo.
Não puderam eliminá-lo fisicamente, morreu quando e como ele gostaria, após uma longa e proveitosa vida a serviço de seu povo e da Humanidade. Fidel estará para sempre em nosso coração e mais: em nosso pensamento e ação.