Desde o início da manhã, centenas de apoiadores do Comitê de Vítimas das Guarimbas se reuniram na Praça Morelos e marcharam até a sede do Ministério Público, onde entregaram pela tarde um documento exigindo uma punição mais severa a López, que foi condenado a 14 anos de prisão por distúrbios contra o patrimônio e a ordem pública, ocorridos nas manifestações opositoras do início de 2014.
Acusam o político do partido Voluntad Popular (VP) de ser o autor intelectual dos 43 assassinatos e mais de 800 ferimentos a cidadãos comuns, simpatizantes e militantes chavistas e funcionários públicos, em 2014.
Por outro lado, opositores do governo do presidente Nicolás Maduro caminharam pela avenida Francisco Fajardo e exigiram a libertação de López, chamando o sistema político venezuelano de “ditadura”, apesar de terem havido 20 eleições em 18 anos, desde o início da chamada “Revolução Bolivariana”. Todas essas eleições foram consideradas legítimas por organismos internacionais, como a União Europeia, a OEA, a Unasul e o Centro Carter, do ex-presidente estadunidense Jimmy Carter.
A manifestação opositora também chamou de “censura” o corte do sinal da emissora norte-americana CNN na Venezuela, que produz um noticiário alinhado com os interesses da oposição e muitas vezes distorce a realidade do país sul-americano. Essa também é a linha editorial da maioria dos grandes meios de comunicação venezuelanos.
Uma das organizadoras do protesto opositor de hoje foi a esposa de López, Lilian Tintori, que se reuniu na última quarta-feira na Casa Branca com o presidente dos EUA, Donald Trump. Após o encontro, o mandatário escreveu em sua conta no Twitter que o líder opositor deve ser libertado.
Tal declaração foi repudiada pelas vítimas dos protestos organizados por López em 2014. Afirmaram que Trump pretende “ilegitimamente interferir em nossa luta pela justiça” ao apoiar os que “incitaram e promoveram ações violentas e vandálicas que afetaram os direitos de centenas de cidadãos” venezuelanos.
As violentas manifestações opositoras do início de 2014 pediam a renúncia de Maduro, eleito havia menos de um ano. Políticos da oposição, que organizaram os protestos, se reuniram com três diplomatas dos EUA poucos dias antes de iniciarem os atos de desestalização do governo.
Conhecidas como “guarimbas”, as manifestações consistiam na utilização da violência para paralisar o país, por meio de barricadas, incêndios (inclusive em prédios públicos, como hospitais e universidades) e utilização de armamento. Armadilhas também foram colocadas nas ruas, matando e ferindo pedestres e motociclistas que passavam, com arame farpado.
Leopoldo López foi o principal instigador do uso da violência para derrubar o governo e reprimir simpatizantes e militantes chavistas. Poucas semanas depois do início dos distúrbios e dos crimes, ele se entregou às autoridades, para ser aclamado como mártir e preso político por seus simpatizantes e pela mídia.
Em mensagem na sua conta no Twitter, Maduro prestou hoje sua “solidariedade com os familiares das vítimas assassinadas e feridas pela violência golpista”.