O Governo francês admitiu que a situação neste território, onde vivem mais de 260.000 pessoas, é "tensa" e fez um apelo por calma.
Durante vários dias, a Guiana Francesa, afetada pela elevada taxa de desemprego, vive um movimento de descontentamento social irrompido a menos de um mês das eleições presidenciais francesas.
A mobilização, que ameaça paralisar sua economia, tem crescido desde quinta-feira com o bloqueio de uma dezena de estradas e fechando escolas.
As manifestações e bloqueios já tinham obrigado a empresa Arianespace a adiar o lançamento, previsto para terça-feira, de um foguete Ariane 5, que colocaria em órbita um satélite brasileiro e outro sul-coreano.
Embora o Governo francês tenha enviado uma missão interministerial para conversar com os manifestantes, 37 sindicatos agrupados na União dos Trabalhadores Guianenses (UTG) aprovaram no sábado uma "greve geral ilimitada" a partir de segunda-feira.
Os protestos começaram em torno do coração econômico do território, um símbolo da natureza colonial da relação entre Paris e Guiana Francesa: Kourou.
As principais reivindicações levantadas pelo movimento são fundamentalmente sociais. Por conta do caráter profundamente desigual que se vive na Guiana mais do que em qualquer outra parte do território francês.
A taxa de desemprego afeta um quarto da população, afetando especialmente os jovens, mais de 40% dos desempregados têm menos de 25 anos. O emprego, a defesa dos serviços públicos, salários, rendimentos dos pequenos agricultores, é o que está no centro das demandas levantadas pelo movimento.
A missão interministerial francesa anunciou a contratação de mais policiais e uma ajuda de emergência de 60 milhões de euros para o hospital em Cayena, a capital, fortemente endividada.
"No momento, as respostas da delegação se centram na saúde e na segurança. Pedimos um plano de desenvolvimento e não pequenas medidas", disse um porta-voz dos sindicatos.
Os movimentos sociais e os sindicatos que lideram o movimento se recusam a se reunir com a missão interministerial. A ministra de Ultramar, Erika Bareigts, na segunda-feira rejeitou a possibilidade de viajar para a Guiana "até que se reúnam as condições para o diálogo".
A crise no território ultramarino francês irrompeu durante a campanha eleitoral, e desde o governo denunciaram em um comunicado a "instrumentalização com fins eleitoralistas" da situação por alguns candidatos às eleições presidenciais, especialmente o conservador François Fillon e a ultra-direitista Marine Le Pen.
As declarações dos principais candidatos à presidência francesa escondem que a principal origem da crise atual em Guiana é a situação colonial a qual está submetida este território, relegado a uma segunda zona pelo Estado imperialista francês.
Tradução: Barbara Molnar