Ao mesmo tempo que asseguram que na Venezuela existe um regime ditatorial, os principais porta-vozes e partidos políticos da direita nacional se preparam para participar de um eleição com voto direto, universal e secreto, organizado e regido pela instituição que vinham atacando.
Helena Márquez, que participou da primária no centro de votação instalado pela MUD na Praça Bolívar de Chacao, em Caracas, disse que apesar de estar "em uma ditadura", a oposição deve "tomar o controle de importantes estruturas de poder como são os governos e prefeituras".
O secretário-geral de Ação Democrática, Henry Ramos, que até agosto assegurava que era necessário nomear de forma ilegal uma nova direção do CNE para que a oposição participasse das eleições, declarou que a coligação de direita está obrigada a participar das eleições regionais para sustentar a imagem democrática que projetou através da mídia internacional.
"A comunidade internacional está apoiando nossa participação eleitoral porque essa foi uma das propostas que fizemos, que se marcara um calendário eleitoral. Agora que marcaram o calendário, ainda com as confusões e possibilidades de armadilhas, o que vamos dizer à comunidade internacional: que não vamos participar das eleições?", disse no comando nacional da MUD, no estado de Miranda.
Entre abril e julho de 2017, a MUD promoveu e financiou múltiplos focos de violência política em diversas cidades do país, com a intenção confessa de gerar um clima de "ingovernabilidade" e uma ruptura da ordem constitucional da República que justificasse a intervenção estrangeira na Venezuela. Os dirigentes da direita asseguravam que não participariam de nenhuma eleição sem que antes se interrompesse -fora do prazo e de forma ilegal- o período constitucional do presidente Nicolás Maduro.
Quatro meses depois de ter ativado essa agenda, que fracassou em seus objetivos insurreicionais, finalmente a coligação opositora participará do processo eleitoral, que enfrenta com divisões internas fruto das contradições do seu discurso.